Palácio Campos Elíseos será a nova atração do Centro

Jornal da Tarde - Segunda-feira, 1º de março de 2004

seg, 01/03/2004 - 8h54 | Do Portal do Governo

MARCUS LOPES

O Palácio Campos Elísios, na Avenida Rio Branco, no Centro, finalmente será recuperado. No segundo semestre, começam as obras de reforma do prédio, que durante mais de cinco décadas abrigou a sede do governo do Estado. Hoje, funciona ali a Secretaria de Ciência e Tecnologia.

A obra está orçada em R$ 7 milhões, dos quais R$ 1 milhão já está garantido.

O projeto prevê a recuperação de todo o edifício. Na área externa, haverá revitalização da fachada, dos jardins, do chafariz e dos portões de ferro da entrada.

A maior preocupação do governo é com o interior do edifício, já que há infiltrações, ligações externas de fios para acomodar departamentos burocráticos e desgaste das portas de pinho-de-riga. No ano passado, houve um tratamento para combater os cupins que infestavam todo o local.

A previsão é a de que os trabalhos sejam concluídos no fim de 2005. O primeiro passo será dado até julho, com a transferência da secretaria para um novo prédio, no Butantã, na Zona Oeste. ‘A reforma do Campos Elíseos será feita com extremo zelo, respeitando todas as características originais’, diz o secretário da Ciência e Tecnologia, João Carlos de Souza Meirelles.

A ocupação do palácio após a reforma ainda vai ser definida pelos integrantes de um conselho formado para acompanhar o restauro. A hipótese mais provável é que ele seja transformado em um centro cultural ligado à história de São Paqulo. ‘A casa foi cenário de ações políticas decisivas. Ela respira a história’, diz Meirelles.

A idéia de recuperar o palácio não é nova. Na segunda gestão do governador Mário Covas, foi elaborado o projeto de restauro. A proposta era transferir para lá a residência oficial do governador. Mas o projeto acabou não saindo do papel. Agora, porém, o governador Geraldo Alckmin resolveu levá-lo adiante.

‘Essa casa faz parte da história de São Paulo’, diz Meirelles. Ele tem razão. No seu gabinete, antes ocupado pelos governadores, ficava o centro do poder paulista durante períodos atribulados. Entre eles, a Revolução Constitucionalista de 1932 e a Revolta Tenentista de 1924, em que os rebeldes comandados por Isidoro Dias Lopes queriam bombardear o palácio.

O prédio, em estilo renascentista, tem quatro pavimentos. As maiores atrações ficam no térreo. Do lado direito, há o salão dos espelhos, que antigamente era utilizado para recepções oficiais. À esquerda, na entrada, fica o salão da lareira, um dos ambientes mais preservados do edifício.

A residência oficial do governador ficava no primeiro andar. No total, são 12 quartos, dos quais três suítes. Um simpático elevador do começo do século passado, daqueles com grade de ferro manual, serve todos os pavimentos.

Ser sede do governo em momentos políticos tão agitados da história paulista pode ser a explicação de algumas curiosidades do palácio. Ele tem saídas estratégicas, como o túnel de 200 metros, que termina em uma casa no outro lado da Avenida Rio Branco.

O túnel atualmente está fechado, mas fará parte da reforma e promete ser um principais atrativos do novo palácio que, depois de reformado, promete tornar-se mais um pólo de atração de visitantes no Centro.

Prédio começou a ser construído em 1896

O Palácio Campos Elíseos começou a ser erguido em 1896 pelo empresário Elias Pacheco Chaves, um dos principais exportadores de café do País. Para elaborar o projeto do edifício, que levou três anos para ser construído, ele convidou o arquiteto Matheus Häussler, que adotou como modelo um castelo em estilo renascentista francês.

Chaves morou pouco tempo na nova casa, pois morreu em 1903. A família continuou a morar no local até 1911, quando o governo do Estado o comprou para ser residência do presidente do Estado, como eram chamados na época os governadores.

Em 1937, o prédio também começou a abrigar o gabinete do chefe de Estado, até 1965, quando o governador Abreu Sodré transferiu a sede do governo para o Palácio dos Bandeirantes.

Em 1967, durante as obras de restauro, um incêndio destruiu a parte superior do prédio. Em 1972, ele passou a abrigar secretarias do Estado.