Osesp vai do concerto à liturgia

Folha de São Paulo - Quinta-feira, dia 4 de maio de 2006

qui, 04/05/2006 - 11h19 | Do Portal do Governo

Maestro John Neschling vai registrar “Sinfonia nº 2”, de Tchaikovsky, em CD

JOÃO BATISTA NATALI

DA REPORTAGEM LOCAL A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) trará em maio uma programação especialmente inspirada, com peças dos repertórios concertante, sinfônico e litúrgico -Brahms, Mahler, Holst, Stravinsky, Haydn- que têm ao menos três características em comum: exemplares em seus gêneros, dificílimas para os intérpretes e atraentes para o público.

O primeiro programa, hoje, amanhã e sábado, terá esse exemplo de profundidade musical que é o “Concerto para Piano nº 2”, de Johannes Brahms. A Osesp o apresentou pela última vez em outubro de 2003, com o argentino Bruno Leonardo Gelber.

O mesmo concerto foi interpretado no ano passado por Nelson Freire, com a Sinfônica Municipal, regida por Roberto Minczuk. O pianista das três récitas de agora será Alfredo Perl, jovem chileno radicado na Europa.

Na segunda parte, o maestro John Neschling fará, com gravação ao vivo para o selo Biscoito Fino, a “Sinfonia nº 2”, de Tchaikovsky. Na semana passada, Neschling regeu e gravou a “Sinfonia nº 1”, do mesmo compositor. Foi de uma elegância refinadíssima, sem cair na tentação do excesso de “fortissimi”, que transforma a obra de um bom sinfonista em algo vulgarmente marcial.

Na semana que vem, a orquestra será regida pelo belga Ronald Zollman. Ele fará “Fogos de Artifício”, de Stravinsky, e “Os Planetas”, do britânico Gustav Holst, compositor injustiçado fora do Reino Unido e hoje revalorizado.

O violinista Emmanuele Baldini, um dos dois spallas da Osesp, será o solista do “Concerto para Violino” do italiano Alfredo Casella (1883-1947), também injustamente eclipsado entre os nomes musicais importantes na primeira metade do século 20.

Nos dias 18, 19 e 20, a Osesp estará nas mãos de Roger Epple, um emergente entre os jovens maestros alemães, com carreira feita sobretudo na regência de óperas. Seu solista será o violinista russo Boris Brovtsyn, que em 2004 fez com a orquestra paulista um dos concertos de Bartok. Ele interpretará o “Concerto para Violino em Ré maior”, de Stravinsky.

Mas o prato de resistência estará na segunda parte, com a “Sinfonia nº 4”, de Gustav Mahler. No quarto movimento, “Sehr Behaglich”, a solista será a soprano-ligeira alemã Lydia Teuscher.

A “Sinfonia nº 4” já foi encantadoramente interpretada este ano, em São Paulo, pela Orquestra da BBC Escocesa. Será também ouvida amanhã, no Municipal do Rio, com a Petrobras Sinfônica, regida por Isaac Karabtchevsky. A “Quarta” foi executada pela última vez pela Osesp em abril de 2000. Mahler é um compositor árduo para as orquestras. São poucos os conjuntos sinfônicos brasileiros que se atrevem a fazê-lo, com medo de não o fazer bem.

A soprano Lydia Teuscher estará de volta para o último programa de maio, entre os dias 25 e 27. Regida por John Neschling, será uma das quatro solistas vocais do oratório “As Sete Últimas Palavras do Redentor na Cruz”, de Joseph Haydn. As três outras vozes serão a da mezzo Adriana Clis, a do tenor Marcos Liesenberg e a do baixo Sávio Sperandio.

Haydn escreveu seis cantatas e oratórios. “As Sete Palavras” foram concluídas em 1785, com revisão dez anos depois para a inclusão da parte coral.Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo

Quando: qui. e sex., às 21h; sáb., às 16h30 Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes s/nº, tel. 0/xx/11/3337-5414) Quanto: de R$ 25 a R$ 79