Osesp vai à praça pública e troca Viena por Limeira

O Estado de S.Paulo - Quinta-feira, 8 de maio de 2008

qui, 08/05/2008 - 10h49 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

A Osesp vai viajar e, desta vez, não é para Viena. A orquestra vai subir num ônibus e pegar a estrada, para se apresentar em palcos menos nobres, mas ansiosos por recebê-la, como Limeira, Sorocaba, Itapetininga. É uma turnê especial – Osesp Itinerante -, que começa em 2 de julho e contempla 12 cidades do interior do Estado com 56 concertos.

O projeto foi lançado na terça-feira pelo secretário de Estado da Cultura, João Sayad, e o maestro João Neschling, na Sala São Paulo. É uma demanda antiga. ‘Há muito tempo pensamos nisso, porque todos os paulistas pagam seus impostos para ter uma orquestra de nível internacional, e precisam ouvi-la’, observou o maestro Neschling. ‘Mas a Osesp é um paquiderme, difícil de se movimentar.’

Para movimentá-la, então, será investido R$ 1,8 milhão, vindo de seu orçamento, de patrocínios por meio de leis de incentivo e também de um apoio do Sesc, que tem ajudado com infra-estrutura, ponto crucial. ‘A mesma orquestra que toca aqui ou em Viena vai tocar nesses concertos. É uma operação de guerra’, comparou Neschling. ‘É mais fácil mandar a Osesp de avião para Viena do que levá-la a Limeira.’

Não há teatros que comportem a Osesp no interior. A produção do evento terá de montar palcos em praças e parques, semelhantes aos dos shows no Ibirapuera. O maestro ressaltou que o projeto é pioneiro – ‘A Osesp, como sempre, criando jurisprudência’ – e vai atingir 72 mil pessoas. Além das apresentações ao ar livre, haverá concertos de câmara e palestras ministradas por Neschling, para o público comum. As inscrições começam hoje, e podem ser feitas no site www.osesp.art.br.

MÚSICA E LETRAS

Na itinerância, a Osesp abre o Festival de Inverno de Campos do Jordão, que vai de 5 a 27 de julho. A programação desta 39ª edição explora a ligação entre a música erudita e a literatura, e foi anunciada também na entrevista coletiva de anteontem, pelo diretor artístico do festival, maestro Roberto Minczuk.

Maior evento do gênero na América Latina, o festival terá 50 concertos. Entre as cerejas da programação está a estréia da peça Capitu, para soprano solista e orquestra sinfônica, de João Ripper, compositor residente deste ano. Carla Camurati dirige a montagem de Os Sete Pecados Capitais, de Kurt Weill e Bertolt Brecht, com a Orquestra do Teatro Municipal do Rio e participação da bailarina Ana Botafogo. E o concerto de encerramento terá a regência do maestro alemão Kurt Masur.

Ao detalhar a programação, Minczuk ressaltou a importância do convívio entre os grandes nomes da música erudita mundial e os estudantes brasileiros de música. ‘Desde os 11 anos eu participo do festival de Campos. Em 1979, inclusive, tive a oportunidade de tocar sob a regência do maestro Neschling’, disse ele. A coletiva de terça-feira foi o primeiro encontro público dos dois maestros depois de um ruidoso desentendimento entre ambos há dois anos, que levou à saída de Minczuk da Osesp.