Osesp mostra em agosto duas obras de Chostakovich

Folha de São Paulo - Quinta-feira, dia 3 de agosto de 2006

qui, 03/08/2006 - 10h50 | Do Portal do Governo

JOÃO BATISTA NATALI

DA REPORTAGEM LOCAL Duas das sinfonias tardias de Dmitri Chostakovich (1906-1975) integram os dois primeiros programas de agosto da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado). De hoje a sábado será a “Sinfonia nº 13”, e, na semana que vem, a “Sinfonia nº 14”, a penúltima do compositor.

As duas peças foram escritas depois de sua segunda reabilitação pelo aparato musical soviético. São obras densas, espécie de mensagens musicais que reiteram o inconformismo quanto à estética oficial e dão uma prova eloqüente da sobrevivência artística do autor.

A “Sinfonia nº 13”, em cinco movimentos, a ser regida por John Neschling, é cognominada Babi Yar, localidade próxima de Kiev, na Ucrânia, onde em setembro de 1941 o Exército de ocupação nazista reuniu e assassinou 33 mil judeus.

Sua interpretação exige a presença de um barítono -no caso, o russo Sergei Leiferkus, que é também um grande wagneriano- para a interpretação de um poema de Yevtushenko.

A “Sinfonia nº 14”, a ser regida por Yoram David, menos mórbida, mais irônica, é uma sucessão musical de 11 poemas de Lorca, Apollinaire, Kuchelbecker e Rilke, interpretados por Leiferkus e pela soprano russa Tatiana Pavlovskaya.

Chostakovich, de quem se comemora o centenário de nascimento, exige imensamente de seus intérpretes. Há hoje um consenso que no mínimo o iguala a Prokofiev, Stravinsky ou Rachmaninov, os outros grandes russos do século 20.

Como preciosidade, o último programa do mês, no dia 31, trará o “Concerto para Piano e Orquestra”, op. 43, do compositor tcheco Erwin Schulhoff (1894-1942), que morreu no campo de concentração de Wulzburg por ser judeu. A solista será a Emma Schmidt. Casa do Saber

Agosto também marca o início da parceria entre a Osesp e a Casa do Saber no projeto “Uma Hora Antes”. São palestras que precedem alguns dos concertos e levantam o contexto histórico e cultural da principal peça no programa da orquestra.

As inscrições são gratuitas e apenas por e-mail; há só 120 vagas. Para hoje -Luis Felipe Pondé falará sobre o anti-semitismo na URSS, mas as inscrições já estão encerradas.

Entre os dias 21 e 22 abrem-se as inscrições para a palestra de Clóvis de Barros Filho sobre o mito de Don Juan, em razão da execução, em 7 de setembro, do poema sinfônico homônimo de Richard Strauss.

OSESP

Quando: de qui. e sex., às 21h; sáb., às 16h30

Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 3337-5414)

Quanto: de R$ 25 a R$ 79