Osesp interpreta Elektra e vai da tragédia ao lirismo

Estado de S.Paulo, quinta-feira, 6 de setembro

qui, 06/09/2007 - 17h05 | Do Portal do Governo

Estado de S.Paulo

Obra fundamental do repertório operístico do século 20, a Elektra de Richard Strauss é a atração desta semana dos concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Serão, a partir de hoje, três apresentações na Sala São Paulo, em versão de concerto, com regência do maestro John Neschling. No papel da princesa que luta para vingar a morte de seu pai, a soprano inglesa Susan Bullock, que encabeça um elenco composto por cantores nacionais e estrangeiros.

Elektra, de 1909, é daquelas obras que nos transportam direto à época em que foram escritas. O enredo? O libreto de Hugo von Hofmannsthal adapta a tragédia grega de Elektra, filha de Agamenon, que resolve se vingar da morte do pai, assassinado pela esposa Clitemnestra e seu amante, Egisto, ao voltar da Guerra de Tróia. A música? Uma das mais impactantes criações de Richard Strauss, símbolo do pós-romantismo, preâmbulo da música moderna, estreada em uma Europa que ainda assimilava as idéias de um certo dr. Siegmund Freud.

‘Strauss escreve música de enorme qualidade, em que chama atenção antes de mais nada a riqueza de coloridos, há desde momentos de intenso drama e tragédia até passagens líricas, quase mozartianas. Essa riqueza, assim como a maneira como a voz se mistura à orquestra, é herdeira direta das óperas de Richard Wagner, que na passagem do século 19 para o século 20 eram ainda influência marcante. Ao mesmo tempo, é fascinante ver como as idéias do período, mais notadamente o surgimento da psicanálise, permeiam o texto do libreto e têm influência direta na música de Wagner’, diz Susan Bullock.

Para a soprano, Elektra precisa ser vista como ‘uma criança totalmente prejudicada pela condição em que cresceu, pela morte do pai e pela consciência da culpa da mãe’. ‘Ela cresceu com apenas um objetivo na vida, um desejo ardente de conseguir a vingança. E essa meta praticamente tirou dela todo e qualquer traço de humanidade. Ela nunca se permitiu viver em liberdade, ficou presa à idéia de vingança e, quando a atinge, torna-se como uma nave vazia, sem sentido, sem razão de ser, o que provoca sua morte. Sua cena final é profundamente impactante e a música de Strauss nos leva à beira da histeria.’

Além de Susan, o elenco conta com nomes como a meio-soprano Jadwiga Rappé como Clitemnestra, o baixo-barítono Stephen Bronk como Orestes, o irmão de Elektra, o tenor Ian Storey como Egisto e a soprano Silvana Dusmann como Crisotemis, irmã da protagonista.

(SERVIÇO) Elektra. Sala São Paulo (1.484 lug.). Praça Júlio Prestes, s/n.º, tel. 3223-3966. Hoje e segunda-feira, às 21 h; sábado, 16h30. Ingressos de R$ 25 a R$ 89

(R.A.)