Osesp gravará sinfonias de Villa-Lobos

Folha de S. Paulo

seg, 24/05/2010 - 7h49 | Do Portal do Governo

Orquestra dará início ao projeto, que trará versão integral de 11 obras do compositor, em fevereiro de 2011

Composições terão regência do maestro Isaac Karabtchevsky e serão lançadas pela Biscoito Fino até 2016

A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) começará a gravar em fevereiro do ano que vem a integral das 11 sinfonias do compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959).

O projeto se estenderá até 2016 e terá a regência de Isaac Karabtchevsky, hoje titular da Petrobras Sinfônica.

As gravações, em seis CDs (um por ano), serão lançadas no Brasil pela Biscoito Fino e, no mercado mundial, pelo selo sueco Bis.

O anúncio foi feito na última quinta-feira pelo diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski, e pelo diretor-executivo, Marcelo Lopes.

Villa-Lobos escreveu em verdade 12 sinfonias, mas uma delas, a de nº 5, também chamada de “A Paz” (1920), se extraviou por razões desconhecidas e suas partituras estão perdidas.

Quatro dessas obras já foram editadas e publicadas pela editora da Osesp. As demais -as partituras são muitas vezes manuscritas e sem as necessárias indicações de dinâmica ou andamento- serão objeto de revisão musicológica, operada em conjunto com a Academia Brasileira de Música.

A Osesp já gravou a integral dos “Choros” e das “Bachianas” do compositor.

Edição revisada

Já existe uma integral das sinfonias de Villa-Lobos, gravada e lançada na Alemanha entre 1999 e 2008 pelo maestro americano Carl St. Clair, com a Sinfônica da Rádio de Stuttgart.

A da Osesp, no entanto, diz Nestrovski, será a primeira a ser feita a partir de uma edição revisada e definitiva.

Entre os próximos planos fonográficos da Osesp, está a gravação, também em 2011, de um CD com peças do compositor santista Gilberto Mendes, a ser lançado no ano seguinte, quando ele completa 90 anos.

Lopes e Nestrovski também anunciaram a assinatura do novo contrato quinquenal de gestão entre a Osesp e o governo do Estado.

Como organização social, a Osesp tem no governo sua principal fonte financeira (neste ano serão R$ 43 milhões, complementados por R$ 24 milhões de captação por fontes próprias) e se compromete, em troca, a uma crescente prestação de serviços ao público.

Entre eles, há o compromisso de 113 concertos anuais, em lugar dos 95 até agora, 90 apresentações de música de câmara, em vez de 17, a programação de 69 ensaios didáticos abertos ao público (hoje são 22), a edição de dez partituras, em lugar de três, e a duplicação dos regentes convidados, que passarão de dez para 20.

Os regentes estrangeiros convidados são vistos como um fator de aprimoramento técnico para a orquestra, na medida em que ela se vê sob o comando de novas noções sinfônicas.

Nos cinco anos desse contrato de gestão a Osesp receberá R$ 245,8 milhões, em lugar dos R$ 215 milhões repassados pelo Estado no atual quinquênio.

Os músicos, que já são os mais bem pagos no Brasil em orquestras, ganham hoje pouco mais de R$ 8.800, quando titulares, mas sem funções de comando em seus naipes.

A Sinfônica Brasileira (OSB), no Rio, e a Filarmônica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, estão em seguida na escala salarial, diz Marcelo Lopes.