Osesp elege assistente chileno

Folha de S.Paulo - Segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

seg, 13/02/2006 - 16h54 | Do Portal do Governo

ERUDITO

Victor Hugo Toro vence concurso internacional e é novo regente-assistente

Osesp elege assistente chileno ARTHUR NESTROVSKI

ARTICULISTA DA FOLHA

Depois do qüiproquó do ano passado, quando o Primeiro Concurso de Regência Orquestral da Osesp acabou sem nenhum vencedor, tudo o que se queria agora eram bons finalistas. E bons finalistas foi o que se viu no sábado, durante a final do Concurso que consagrou o chileno Victor Hugo Toro como novo regente-assistente da orquestra.

Ao longo da semana se apresentaram 12 candidatos, de cinco países, perante uma banca de cinco maestros -o titular da Osesp, John Neschling, mais os convidados Alun Francis (Inglaterra), Gabriel Chmura (Polônia), Yoram David (Israel) e Roberto Duarte (do Rio de Janeiro). Regeram peças conhecidas e uma desconhecida: um desafio para os semifinalistas, um maracatu stravinskiano de André Mehmari. Os membros da Osesp também tinham direito a voto, valendo a decisão da maioria; o resultado final -maestros mais orquestra- foi unânime.

Já o público votou no argentino Christian Baldini, carismático jovem regente de 27 anos, doutorando em Cincinatti (EUA). Regeu de cor o primeiro movimento da “Primeira Sinfonia” de Brahms (1833-97), esbanjando musicalidade. Era o mais novo dos três que ficaram para a final; e deixa suspiros, decerto, entre as estantes do palco, tanto quanto nas fileiras da platéia -numerosa platéia para uma manhã chuvosa fora de temporada.

O ponto alto do outro finalista, o japonês Kodo Yamagishi (34 anos, assistente do Coro do Teatro São Carlos, em Lisboa), foi “Dumbarton Oaks”, de Stravinsky (1882-1871), que ele regeu com incisiva geometria. Teve a virtude de mudar o estilo dos gestos para Brahms e Schumann. Só ficou faltando, talvez, aquela carga de agressividade que intensifica a presença física de um maestro no pódio.

Dos três aquele que parecia mais à vontade na situação era mesmo o chileno – e “parecer”, no caso, já é parte da arte. A batuta podia estar tremendo, mas Toro comandava a Osesp com naturalidade, certo do que queria e querendo a coisa certa, a julgar pelos olhares do júri. Musicalmente, foi menos original do que Baldini; mas o cargo não exige originalidade. Pede, sim, desenvoltura e prontidão (o assistente acompanha todos os ensaios; só rege em caso de urgência).

Desde o concurso passado que Victor Hugo Toro, de 30 anos, se preparava para esse. Professor-assistente de regência na Universidade do Chile, passou muito tempo em São Paulo e já é familiar à orquestra. Em fins de 2005, assumiu o posto de regente do Coro Juvenil da Osesp. Ninguém espera dele, por ora, mais do que ele mesmo espera: uma chance de crescer à frente da melhor orquestra da América Latina. O que virá depois será uma outra história, por enquanto em aberto.