Osesp, com coral, despede-se da temporada 2004

O Estado de S. Paulo - São Paulo - Sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

sex, 03/12/2004 - 9h18 | Do Portal do Governo

Orquestra volta da bem-sucedida turnê nacional e mostra ótimo programa com destaque para peça de Britten

Lauro Machado Coelho
Especial para o Estado

O retorno da Orquestra Estadual à sua sede, na Sala São Paulo, após a turnê que o grupo realizou por diversas capitais brasileiras, será marcado, nesta sexta e domingo, por um concerto em que o maestro John Neschling regerá obras de Benjamin Britten, Leonard Bernstein e Dmitri Shostakóvitch. Do programa participam o Coral da Osesp, regido por Naomi Munakata, solistas nacionais e a soprano canadense Donna Brown.

O grande destaque do concerto é a Spring Symphony op. 44, uma das mais belas produções coral-sinfônicas de Britten, encomendada em 1949 pela Sinfônica de Boston. Selecionando poemas que evocassem o processo de metamorfose da natureza com a passagem das estações, Britten reuniu os textos de autores pertencentes a cinco séculos de literatura inglesa – entre eles Spencer, Milton, Blake e Auden – numa estrutura muito original que combina a forma da sinfonia com a do oratório. Papel de destaque, na obra, é reservado ao tenor, pois a Sinfonia da Primavera foi escrita para ser estreada pelo notável cantor Peter Pears, companheiro e colaborador constante do compositor.

Fernando Portari, conhecido artista brasileiro, que São Paulo ouviu recentemente nos Contos de Hoffmann, de Offenbach, e no Romeu e Julieta, encarrega-se dessa parte, tendo a seu lado a meio-soprano carioca Carolina Faria, e a artista canadense Donna Brown. Esta tem feito carreira significativa e, em seu repertório, tem papéis como a Pamina da Flauta Mágica, a Sophie do Cavaleiro da Rosa, a Nanetta do Falstaff. Entre as suas gravações, está a da estréia de Gitanjali, baseado no clássico poema indiano, composto para ela por Murray Schafer. para ela. Donna Brown lançou recentemente um disco ao lado da pianista Stephane Lemelin com as primeiras canções escritas por Debussy e a Missa da Coroação de Mozart sob regência de Helmuth Rilling. Estreou em Paris no papel de Michaela na Tragédia de Carmen de Peter Brook.

POPULAR

As Danças Sinfônicas de West Side Story, estreadas pela Filarmônica de Nova York em 13 de fevereiro de 1961, sob a regência do compositor Lukas Foss, são a suíte dos números de balé do famoso musical em que Bernstein transpõe, para a região pobre de Manhattan, a tragédia de Romeu e Julieta. Esses números, em que o compositor e regente americano faz a fusão da linguagem sinfônica tradicional com elementos de jazz e música caribenha, foi organizada pelo próprio Bernstein, mas orquestrada por seus colaboradores Sid Ramin e Irwin Kostal. Desde a estréia, as Danças Sinfônicas tornaram-se uma de suas peças de concerto mais populares.

O concerto de hoje e domingo será iniciado com o Tahiti-Trot op. 16, de Shostakóvitch. Integrado ao balé A Idade de Ouro, que estreou em Leningrado em 1930, esse fox-trot atesta o interesse do compositor pela música popular, em especial a americana, pois baseia-se na conhecida canção Tea for Two, que Vincent Youmans escreveu, em 1924, para o musical No, no, Nanete. Na realidade, a peça foi o resultado de uma aposta que Shostakóvitch fez com o regente Nikolai Malko: a de que ele seria capaz de orquestrar a canção em uma hora – aposta que ganhou ao terminar o serviço em 45 minutos!