Osesp apresenta pérola de Berlioz no final de junho

Folha de S.Paulo - Quinta-feira, 31 de maio de 2007

qui, 31/05/2007 - 12h22 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Há algo de precioso na programação de junho da Osesp. Trata-se de “Romeu e Julieta”, sinfonia escrita em 1839 por Hector Berlioz (1803-1869), o único compositor francês do século 19 com estatura comparável à de Beethoven ou Brahms. Será entre nos dias 21, 23 e 25, com a regência de Yoram David e a participação de Michelle De Young (mezzo-soprano), Rúbem Araújo (tenor) e Matthias Holle (baixo).

Por mais que as vozes estejam presentes, não é uma ópera ou uma cantata. É uma sinfonia com coro, composta com o projeto de ampliar os limites, já imensos, que Beethoven fixou à sua “Sinfonia nº 9” (1824). A obra, baseada na tragédia de Shakespeare, que Berlioz conhecera 12 anos antes da composição, foi escrita a partir de uma doação de 20 mil francos (da época) feita pelo violinista e também compositor Niccoló Paganini. Em antológica reação, ele havia, anos antes, se ajoelhado diante de Berlioz e proclamado que se tratava do único e legítimo sucessor de Beethoven na linguagem sinfônica. “Romeu e Julieta” é uma peça densa, com achados freqüentes, como a utilização modernizada da fuga barroca. Outro destaque do mês está nos três concertos, de hoje a sábado, inteiramente consagrado ao compositor norte-americano John Corigliano.

Com 69 anos, ele é um dos mais premiados de sua geração, tendo recebido o Pullitzer, o Grawemeyer e dois Grammy (1997, pela trilha de “O Violino Vermelho”). É o autor da ópera “Os Fantasmas de Versalhes”, encenada na temporada de 1991 pelo Met, de Nova York.

Dele a Osesp fará, sob a regência de John Neschling, “Torneios”, “Concerto para Clarinete” -o solista será Ovanir Buosi, músico da própria orquestra, brilhante por vocação e aprendizado- e a “Sinfonia nº 1”. No programa dos dias 7, 8 e 9, o pianista chileno radicado na Europa Alfredo Perl fará o “Konzertstück” para piano, de Carl Maria von Weber. O programa, regido por Yoram David, se completa com “Burleske”, de Richard Strauss, e o segundo ato do balé “Cinderela”, de Sergei Prokofiev. O compositor russo tem imensas armadilhas de interpretação. Fazê-lo bem significa bem mais que dissertar sobre as melodias. Há por detrás uma complexidade da partitura com dissonâncias enganosas, com entradas no contratempo.

Os três últimos concertos do mês, nos dias 28, 29 e 30, com a regência de Stanislaw Skrowaczewski, terão o “Concerto para Violino”, de Carl Nielsen, com a solista Viviane Hagner, e sobretudo a “Sinfonia nº 2”, de Anton Bruckner -é a segunda sinfonia do compositor alemão que a Osesp faz este ano. Entre os concertos de música de câmara, o destaque é o do Quarteto Portinari, formado por músicos da Osesp, no dia 24, às 17h. Eles farão dois quartetos de Mozart e um de Haydn.

OSESP Quando: qui. e sex., às 21h; sáb., às 16h30 (não haverá concerto na sexta dia 22, mas na segunda dia 25, às 21h)

Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/ 3223-3966)

Quanto: de R$ 25 a R$ 89