Osesp abre hoje temporada 2004

Folha de S. Paulo - Quinta-feira, 4 de março de 2004

qui, 04/03/2004 - 12h29 | Do Portal do Governo

Célebre no exterior, Roberto Minczuk rege ‘Sinfonia nº9’, de Beethoven

Márvio dos Anjos, da Redação

Peça das mais conhecidas do repertório clássico -tão inescapável que até os celulares já se cansam de executá-la- e com status de patrimônio mundial da humanidade conferido pela Unesco, a ‘Sinfonia nº9 – Coral’, de Beethoven (1770-1827) abre a temporada 2004 da Osesp, com ingressos esgotados, de hoje a sexta-feira.

No pódio da Sala São Paulo, o maestro associado e diretor-artístico adjunto da Osesp, Roberto Minczuk, terá sob sua batuta quatro solistas -Irene Theorin, Luisa Francesconi, Stephen Gould e Geert Smits-, o coro da Osesp, o Coral Paulistano e uma responsabilidade: levar a surrada partitura ao seu merecido grau de experiência fascinante.

‘O desafio sempre existiu. O fato de ser popular traz vantagens e desvantagens, já que as pessoas sempre vão compará-la com alguma performance ou gravação que têm na memória’, afirma Minczuk que, aos 36 anos, é um dos maestros brasileiros de maior prestígio no exterior.

Além de suas funções na Osesp, Minczuk (pronuncia-se ‘Mintchúk’) é maestro associado da Filarmônica de Nova York, trabalhando ao lado de Lorin Maazel. O brasileiro ainda traz no currículo colaborações com o outro célebre regente, o alemão Kurt Masur, e freqüentes convites para reger orquestras no exterior.

Entre as honrarias, Minczuk faz questão de lembrar a influência de Neschling. ‘Conheço-o há 25 anos, e o fato de estar hoje trabalhando com ele na Osesp é uma coisa que me deixa muito feliz, que me dá um senso de destino.’

As recentes comparações com maestros renomados do passado, como Wilhelm Furtwangler e Sergiu Celibidache são recebidas com os pés no chão. ‘É um orgulho que aumenta minha responsabilidade, na medida em que busco desenvolver uma história própria como artista.’

Mesmo seguindo passos de outros maestros com sua carreira no exterior, Minczuk afirma que não há uma ‘escola brasileira’ de regência plenamente identificável. ‘Temos talentos, mas não temos ainda uma tradição de ensino, tanto que fomos todos formados no exterior.’