Os projetos preferidos de Oscar Niemeyer

O Estado de S.Paulo - Quarta-feira, 4 de julho de 2007

qua, 04/07/2007 - 12h35 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

 ‘Eu admiro a inteligência do ser humano. Acredito, até, que um dia estaremos voando entre os planetas, conversando com os nossos irmãos do cosmo, mas sempre com esta dúvida na cabeça: O que somos, afinal?’ A frase é do arquiteto Oscar Niemeyer, que neste ano completa seu centenário – a data exata de seu nascimento é 15 de dezembro de 1907. Dentre tantas homenagens em torno dessa data, será lançado hoje em São Paulo o livro Oscar Niemeyer 360° – Minhas Obras Favoritas, com fotografias de criações do arquiteto feitas por Luiz Claudio Lacerda e Rogério Randolph, durante a abertura da mostra Oscar Niemeyer – 100 Anos de Encantamento, que ficará em cartaz no Memorial da América Latina – esse, inclusive, criação do arquiteto – e que apresenta uma seleção de imagens realizadas pelos fotógrafos.

O 360º presente no título do livro tem dupla menção: ao nome da editora, 360°, e ao recurso especial das fotografias, todas elas feitas em 360 graus para reproduzir não somente os contornos e desenhos dos projetos arquitetônicos de Niemeyer, mas o diálogo das construções com seu entorno, com a paisagem, assim como a vista quase completa dos interiores das edificações. Por meio desse tipo de recurso, enfim, a imagem reproduz ‘em um único fotograma tudo aquilo que seria possível observar em um giro completo sobre o próprio eixo’, como escrevem os fotógrafos.

O próprio Niemeyer escolheu 22 de suas obras, tanto as construídas no Brasil quanto no exterior (entre elas, a Sede do Partido Comunista Francês, em Paris; a Editora Mondadori, em Milão; e a Universidade de Constantine, na Argélia), para serem os temas dos fotógrafos. O Conjunto da Pampulha, criado em 1940 para Belo Horizonte, com os espaços do Cassino, a Casa do Baile e a Igreja de São Francisco de Assis, abre o livro. ‘Era um protesto que eu levava como arquiteto, o de cobrir a Igreja da Pampulha de curvas variadas. Essa era a minha intenção, a de contestar a arquitetura retilínea que então predominava’, afirma Niemeyer em pequeno texto na seção final do livro, que explica cada uma das obras e traz pequenas reproduções de croquis. A publicação, com textos em português, inglês, alemão e espanhol, inclui também relato de José Carlos Sussekind, engenheiro que trabalhou com Niemeyer durante 35 anos.

O Conjunto da Pampulha foi um pedido de Juscelino Kubitschek, então prefeito da capital mineira, e o Conjunto do Ibirapuera foi um pedido de Ciccillo Matarazzo para o Parque do Ibirapuera. O projeto de 1951, ‘um marco’, foi pensado para ser concluído para as comemorações do 4º centenário da cidade de São Paulo. Inicialmente, previa a construção de oito pavilhões, três lagos, ruas e jardins. Dele, nas fotos de Lacerda e Randolph, estão o Museu de Arte Moderna de São Paulo, a Oca, o Pavilhão da Bienal – inclusive, diversas imagens de seu interior – e o Auditório Ibirapuera, inaugurado em 2005.

O livro segue uma linha cronológica. Dentre as outras obras, estão o Edifício Copan, em São Paulo; depois dele, a Casa das Canoas, no Rio, onde o arquiteto residiu e hoje se transformou na sede da Fundação Oscar Niemeyer, aberta ao público. De Brasília, a cidade construída, o arquiteto faz menção ao Ministério da Justiça, o Palácio da Alvorada, a Catedral da cidade, o Congresso Nacional, a Praça dos Três Poderes, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Itamaraty, obras feitas entre 1957 e 1962.

(SERVIÇO)

Oscar Niemeyer 100 anos de Encantamento. Galeria Marta Traba. Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, telefone 3823-4619. 3.ª a dom., 9 h às 18 h. Grátis. Até 5/8. Abertura hoje, 19h30, com lançamento do livro Oscar Niemeyer 360º, Editora 360º, 238 págs., R$ 150