Os bons exemplos de inclusão digital

O Estado de S. Paulo - Domingo, 4 de abril de 2004

seg, 05/04/2004 - 9h22 | Do Portal do Governo

‘O que as empresas podem fazer pela inclusão digital’ é o título de um livro de apenas 112 páginas, lançado há poucos dias pelo Instituto Ethos e pelo Comitê para a Democratização da Informática (CDI), com o patrocínio da Sadia e da Alstom.

Quem lê esse relato da contribuição predominante de entidades privadas em favor da inclusão digital sente com certeza, muito mais esperança na contribuição de nossas empresas por essa causa. Escrito pelo jornalista Renato Cruz, repórter especializado em telecomunicações e tecnologias da informação deste jornal, o livro não se perde em teorias e discursos sobre inclusão digital, mas narra a ação concreta de empresas e entidades que estão efetivamente promovendo o acesso de milhares de brasileiros às tecnologias da informação e da comunicação, conhecidas mundialmente pela sigla ICTs (de Information and Communication Technologies).

Todos concordam em que as tecnologias da informação e da comunicação precisam se tornar ferramentas que contribuam para o desenvolvimento social, intelectual, econômico e político do cidadão. E vale lembrar que a inclusão digital não se resume à disponibilidade de computadores e de telefones, mas à capacitação das pessoas para o uso efetivo dos recursos tecnológicos.

Para ser incluído digitalmente – ressalta o livro-guia – não basta ter acesso a microcomputadores conectados à internet. Do ponto de vista de uma comunidade, inclusão significa aplicar essas tecnologias e recursos a processos que contribuam para o fortalecimento de suas atividades econômicas, de sua capacidade de organização, do nível educacional e da auto-estima de seus integrantes, de sua comunicação com outros grupos, de suas entidades e serviços locais e de sua qualidade de vida.

O que já se faz – Entre os exemplos do trabalho de empresas, o livro narra experiências como as da Accenture, Bradesco, Vale do Rio Doce, Esso, HP, IBM, Microsoft, Philips, Politec, PricewaterhouseCoopers, Prodemge, Sadia, Sebrae, Telefônica, Telemar, Alstom, Belgo, Castrol, Cisco, Conectiva, CSN, Embraco, Fleury, TV Globo, Intel, McDonald’s, Multibrás, Prodeb, Siemens, Stefanini, T-Systems, UBS e Vivo.

Por suas dimensões, o exemplo da Telemar vale a pena ser citado. Denominado projeto Telemar Educação, esse trabalho foi iniciado no ano 2000 com o objetivo de promover a inclusão digital, a integração entre escola, família e comunidade e a melhora do ensino público por meio das novas tecnologias de telecomunicações. Em parceria com a Escola do Futuro, da USP, e a Klicknet, o projeto atende a 74.628 alunos e 2.866 professores em 67 escolas públicas de 16 Estados. Os laboratórios de informática também são usados por milhares de pessoas da comunidade. O programa recebeu investimento de R$ 10 milhões.

Outro bom exemplo é o projeto da Pricewaterhouse-Coopers (PwC) em parceria com o CDI, a Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) de São Paulo e a Câmara Americana de Comércio. Iniciado em maio de 2001, ele teve como objetivo criar EICs nas unidades da Febem do quadrilátero do Tatuapé. A empresa também doa computadores e estimula o voluntariado corporativo.

A empresa é uma das patrocinadoras de 10 escolas de informática e cidadania em 6 unidades da Febem e emprega 3 ex-internos da instituição. O sócio-diretor da PwC, Wander Teles, preside o conselho do CDI São Paulo. Ao todo, a consultoria abriu dez vagas para contratar ex-internos das unidades do Tatuapé.

Exemplo paulista – O programa Acessa São Paulo é um caso de ação governamental que merece destaque. Iniciativa do governo estadual, esse programa tem como objetivo levar os recursos da internet à população de baixa renda e estimular o desenvolvimento humano e social das comunidades. O projeto-piloto foi implantado na Casa de Cultura e Educação Jardim São Luís, em julho de 2000. A capacitação ficou a cargo da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo. Criada em 1989, a Escola do Futuro pesquisa como as novas tecnologias de comunicação podem melhorar o aprendizado.

Existem três tipos de infocentros: os comunitários, em parceria com entidades como associações de bairro; os municipais, em parceria com prefeituras; e os postos públicos de acesso à internet, em parceria com órgãos do próprio governo estadual, em locais onde circulam muitas pessoas.

O programa contava, em janeiro de 2004, com 144 infocentros (61 comunitários, na capital; 65 municipais, no interior; e 18 em órgãos públicos), onde foram instalados cerca de 1,4 mil computadores para acesso público à internet. Do início do programa até janeiro de 2004, o Acessa São Paulo já havia registrado mais de 6 milhões de atendimentos. O programa tem mais de 320 mil pessoas cadastradas e criou mais de 200 mil contas gratuitas de correio eletrônico.

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criado em 1998, é uma associação de empresas de todos tamanhos e setores interessadas em desenvolver suas atividades de forma socialmente responsável, num permanente processo de avaliação e aperfeiçoamento.

O Comitê para a Democratização da Informática (www.cdi.org.br) é uma das entidades que mais se destacam no País na área de inclusão digital. Fundado no Rio de Janeiro, em 1993, por Rodrigo Baggio, então empresário e professor de Informática em escolas particulares, o CDI está presente em 139 municípios, 20 Estados, 11 países e já capacitou mais de 350 mil pessoas de baixa renda, para as quais distribuiu mais de 4 mil computadores, alocados nas suas 833 escolas de informática e cidadania.

Os interessados no livro podem obter seu texto em formato PDF no site do CDI (www.cdi.org.br).