Os Boinas Verdes sobem a montanha

Jornal da Tarde - 13/5/2002

seg, 13/05/2002 - 10h41 | Do Portal do Governo

O Comando de Operações Especiais já está pronto para o inverno. A Polícia Militar montou uma base em Campos do Jordão, onde a temporada chega a atrair um milhão de turistas ávidos por curtir o frio

Os turistas que pretendem subir a serra para curtir as próximas férias de inverno em Campos do Jordão podem ficar tranquilos: eles estarão em companhia dos Boinas Verdes brasileiros.

‘Em julho, estaremos patrulhando nos fins de semana as trilhas da Serra da Mantiqueira, na região de Campos do Jordão, para evitar a criminalidade e realizar eventuais buscas, salvamentos e resgates de pessoas perdidas e/ou feridas’, afirma o capitão Reinaldo Rossi, 36 anos, comandante geral do Comandos de Operações Especiais (COE), a equipe de elite da Polícia Militar.

Como a área de atuação do comando é estadual, o COE mantém no inverno um contigente permanente perto de Campos do Jordão, cidade que recebe cerca de um milhão de turistas na temporada.

‘O presídio de Taubaté é ali perto. Os bandidos que conseguem fugir embrenham-se na mata, muitas vezes assaltando os turistas. Estamos lá para prevenir isso, e para qualquer resgate que seja necessário’, diz o tenente Rogério Nery Machado, de 26 anos. O capitão Rossi completa: ‘Nosso forte é ir aonde os outros não vão’.

Fundado em 1970, o quartel-general do COE fica num belo sítio, de cerca de 24 mil m2, no bairro Alto de Santana, zona norte de São Paulo. Vizinho da Academia Barro Branco, da Polícia Militar – onde são realizados exercícios de tiro diariamente -, o comando é formado por três pelotões, cada um liderado por um tenente e alocado em alojamento para 50 homens (não há mulheres). Todos obedecem à escala de serviço de 24 horas, para outras 48 de folga.

O comando dispõe de oito veículos Land Rover equipados – para chegar a locais de difícil acesso -, duas motos Honda XL 350, armamento comum à PM e apoio permanente dos helicópteros Águia.

Embora mais conhecido por suas operações de resgate de pessoas perdidas ou acidentadas na mata, a equipe de elite também age em ocorrências no ambiente urbano, sejam elas de difícil acesso às tropas convencionais ou missões de alta periculosidade.

‘O COE tem uma faceta policial e outra voltada para o resgate de pessoas, o que inclui a necessidade de um treinamento mais amplo de nossos homens. O soldado é preparado para atuar na área policial, inclusive em ocorrências mais graves’, disse Rossi.

Ele cita o episódio ocorrido em março, no pedágio da Rodovia Castelo Branco (Castelinho), perto de Sorocaba, quando 12 bandidos do PCC morreram num ônibus que ia em direção a um assalto. ‘Na ocasião, tínhamos 20 homens lá’, revela o capitão. ‘Nessas ações, atuamos na retaguarda das tropas de choque, para garantir sua integridade e dar maior poder de fogo’, conta o soldado Dantas, de 32 anos.

Para habilitarem-se, os Boinas Verdes têm um treinamento de condicionamento físico de duas horas por dia, mais uma hora de defesa pessoal. Dividida em três períodos de treinamento, a manhã é reservada para corridas, ginástica localizada, musculação e passagem pela pista de aplicação – onde são simuladas atividades em terrenos com as mais diversas condições.

Prontos para qualquer situação de risco

O treino de defesa inclui ainda jiu-jitsu e posições clássicas de imobilização policial. À tarde, exercitam escaladas numa estrutura de metal de 14 metros de altura, para simular salvamentos em áreas íngremes como desfiladeiros ou montanhas. Treinam ainda resgates, emergências médicas e conduta de patrulha – estratégias que permitem o deslocamento do policial de forma mais segura e velada, especial para operações arriscadas.

Numa trilha especial para a simulação de emboscadas, o COE treina várias formas de orientação e navegação, com bússolas, mapas e GPS. À noite, o capitão se reúne com tenentes e subordinados para discutir casos recentes.

‘Há pouco prendemos uma quadrilha que pretendia resgatar presos num presídio de Guarulhos, e outra especializada em tráfico de armamento pesado’, conta o tenente Machado.

Armando Serra Negra