Os 30 anos do metrô

O Estado de S.Paulo - Editorial - Sexta-feira, 17 de setembro de 2004

sex, 17/09/2004 - 12h25 | Do Portal do Governo

Uma mistura de alívio, frustração e esperança marca a comemoração dos 30 anos do metrô de São Paulo, que começou a operar em 16 de setembro de 1974. Alívio porque sem ele o sistema de transporte coletivo da maior cidade do País há muito teria entrado em colapso; frustração porque, mesmo sua construção tendo começado muito tarde, seu tamanho poderia ser muito maior que o atual, se os governantes lhe tivessem dado a devida atenção; e esperança porque as obras em andamento e as metas fixadas para sua expansão, se forem cumpridas, permitirão diminuir bastante o atraso acumulado.

O número e a extensão de suas linhas ainda deixam muito a desejar. As linhas do metrô têm hoje 58,6 quilômetros, embora a demanda, numa estimativa conservadora, exija 120 quilômetros. Quando se recorda que há 10 anos, com 43,6 quilômetros, a necessidade era de pelo menos 100, se constata que, apesar dos esforços feitos, a diferença entre a oferta e a demanda não se alterou significativamente. Para esse modesto resultado colaborou a quase ausência de obras no período entre 1990 e 1995. Uma comparação com o metrô da capital do México – país em estágio de desenvolvimento semelhante ao nosso -, com seus 210 quilômetros de linhas, dá uma boa idéia do atraso de São Paulo.

Segundo estimativa de Nestor Tupinambá, especialista em transporte metroviário e integrante do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia (IE), se já tivesse alcançado aquele mínimo de 120 quilômetros de linhas, o metrô poderia transportar 5 milhões de passageiros por dia – o dobro de hoje – e retirar 2 milhões de automóveis das ruas, com sensível redução dos congestionamentos e da poluição.

Chegaremos perto disso só em 2010, com 4 milhões de passageiros transportados por dia, de acordo com o presidente da Companhia do Metrô, Luiz Carlos David, que chama a atenção para o fato de pela primeira vez estarem sendo executadas duas obras importantes ao mesmo tempo: a expansão da Linha 2 (Verde), da Estação Ana Rosa até a Estação Imigrantes, cuja primeira etapa deve estar pronta em 2006; e a construção da Linha 4 (Amarela), que ligará a Luz ao Butantã, a ser concluída em quatro anos.

Quanto à continuação da Linha 5 (Lilás) – que hoje vai do Capão Redondo até o Largo 13 e, depois dessa obra, chegará à Estação Santa Cruz – encontra-se em fase de contrato de projeto.

A previsão de Luiz Carlos David é que São Paulo terá 140,2 quilômetros de linhas em 2020, considerando as linhas de metrô e as linhas a serem reformadas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com modernização de trens e estações. Nada mau, embora, como se vê, ainda distante do que a Cidade do México dispõe hoje.

Para que São Paulo tenha um metrô à altura de suas necessidades, a sua expansão – tendo em vista os elevados custos – não pode continuar dependendo apenas do governo do Estado, como até agora. É indispensável que a Prefeitura também dê sua colaboração, o que não vem acontecendo há muito tempo. Sem essa conjugação de esforços, a expansão das linhas do metrô dificilmente se fará na velocidade necessária.