Orquestra Sinfônica subirá a Serra de trem

A Tribuna - Santos - 18/7/2003

sex, 18/07/2003 - 10h16 | Do Portal do Governo

A linha de trem entre Santos e São Paulo será reativada em janeiro de 2004, especialmente para as comemorações dos 450 anos de fundação da Capital. Em um dos vagões irão os integrantes da Orquestra Sinfônica de Santos, que se apresentarão na Praça Júlio Prestes.

O espetáculo está incluído no evento O Interior Celebra São Paulo, anunciado pela secretária de Estado da Cultura, Cláudia Costin, que esteve ontem na Cidade, onde participou do encerramento do Fórum Regional de Política Cultural da Região Metropolitana da Baixada Santista, além de visitar A Tribuna e o Teatro Coliseu.

Entusiasmada com os preparativos da programação do aniversário de São Paulo, Cláudia diz que a intenção com o evento O Interior Celebra São Paulo é mostrar que há produção de qualidade fora da Capital. ‘‘Vamos trazer a orquestra de Santos, assim como a da Unicamp e a de jovens de Piracicaba, que se apresentarão na data do aniversário ou dias antes’’.

A idéia é a Orquestra Sinfônica de Santos chegar à Capital de trem, desativado há anos e funcionando especialmente para as comemorações. ‘‘Dependendo dos vagões disponibilizados, a população vai poder viajar junto. Se não, vai acompanhar pela tevê ou poder esperar na estação’’.

As comemorações incluem apresentações de peças teatrais, mostras na Pinacoteca do Estado e outros eventos durante todo o mês de janeiro na Capital.

Além dessa programação, a secretária da Cultura está envolvida em várias atividades e programas. Um deles, lançado em maio, é o São Paulo: Um Estado de Leitores. ‘‘Ele inclui uma série de atividades para fomentar o hábito de leitura. Já foram capacitados 5 mil bibliotecários e agentes de leitura em todo o Estado e reforçamos o acervo de 85 bibliotecas municipais. Estamos indo a escolas, discutindo com professores a questão da leitura’’.

Entre as iniciativas para que a população tenha acesso à leitura, cita a campanha de doação de livros, que, na Cidade, possui centro de recepção na Oficina Cultural Pagu. ‘‘Podem ser doados livros — de literatura, não-ficção, de arte, entre outros — em bom estado, que serão úteis para outras pessoas’’.

Descentralização

Cláudia Costin também participou, ontem, do encerramento do Fórum Regional de Política Cultural da Região Metropolitana da Baixada Santista. ‘‘O objetivo do fórum — no total de 12, um em cada região metropolitana — é discutir com as secretarias de Cultura de cada município a política cultural, descentralizando a cultura e trabalhando a inclusão social. O importante é ouvir o que pensam, saber das suas necessidades, para ter no fim do ano um plano de metas com projetos realizáveis’’.

Isso, ressalta Cláudia, não significa que a secretaria está parada. ‘‘Estamos discutindo o que será feito nos próximos três anos’’.

Neste primeiro semestre, foram lançados 33 novos pólos do Projeto Guri. ‘‘O lançamento propicia a criação de 33 orquestras de crianças em regiões de risco social, todas fora de São Paulo’’.

A Secretaria da Cultura está investindo também no teatro, através do Projeto Ademar Guerra, que apóia o teatro amador, dando orientação de dramaturgia. ‘‘Estamos selecionando 80 municípios que serão beneficiados com o projeto’’.

Visita ao Coliseu

A agenda da secretária da Cultura incluiu ainda visita a A Tribuna, onde foi recebida por Marcio Calves, editor-chefe, e ao Teatro Coliseu, onde se encontrou com Carlos Pinto, secretário de Cultura, e Otávio Lima, engenheiro da Akyo, para ver o andamento dos trabalhos de restauração.

Cláudia percorreu todos os espaços do teatro, inclusive os camarins e a sala de ensaio. ‘‘Apesar de todos os andaimes, estou impressionada com o teatro. As obras estão mais adiantadas do que imaginava. Pensei que os trabalhos estavam mais atrasados’’, disse ao engenheiro.

Comparando o estilo do Coliseu ao do Teatro São Pedro, quis saber o ano da fundação do prédio e afirmou que daqui a dez dias será liberada a parcela de R$ 3,7 milhões para a retomada da restauração.

Para a festa de inauguração, Cláudia acredita que o melhor programa seria a apresentação da Orquestra Sinfônica de Santos, valorizando, assim, os nomes da Cidade. ‘‘Podiam trazer um solista famoso, como o pianista Arnaldo Cohen’’, sugeriu.

Formada em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Cláudia Costin ocupou cargos no Governo Federal ligados aos ministérios da Economia e Previdência.

Foi também gerente da Área de Setor Público e Combate à Pobreza para a América Latina no Banco Mundial e diz que sua especialidade é a política pública. ‘‘A política cultural também é uma política pública que precisa ser bem-gerenciada. Nessa época de recessão que atravessamos é preciso saber fazer mais produção com menos recursos. Perdemos R$ 114 milhões em arrecadação de ICMS e, dos 37 milhões de habitantes, só 500 mil têm acesso à arte consagrada, 36,5 milhões são excluídos da política cultural. O desafio da democratização é o acesso aos bens culturais’’.