Orquestra homenageia Olivier Toni

O Estado de São Paulo - Sexta-feira, dia 18 de agosto de 2006

sex, 18/08/2006 - 11h12 | Do Portal do Governo

Grupo de câmara da USP relembra seu fundador em três apresentações

João Luiz Sampaio

Ele criou a Orquestra de Câmara de São Paulo, em 1965; três anos mais tarde, fundou a Sinfônica Jovem Municipal; e, um anos depois, a Escola Municipal de Música. Mas não parou por aí. Em 1970, ajudou a criar o Departamento de Música da USP e, em seguida, fundou a orquestra da universidade, em atividade até hoje. Nos anos 90, foi a vez da Ocam, a orquestra de câmara da USP. Motivos não faltam para se celebrar a figura do maestro Olivier Toni – e o mais recente é seu aniversário de 80 anos, que será marcado por três concertos a partir de hoje em diversos palcos da cidade.

A apresentação de hoje, na USP, será regida pelo próprio Toni, à frente da Ocam. Eles interpretam sua nova obra, o Recordare para Violoncelo e Cordas, homenagem a Mozart, compositor que completa o programa com o Concerto para Fagote (solos de Fábio Cury) e a Sinfonia Haffner. É o mesmo programa das outras apresentações, no Sesc Vila Mariana (domingo) e no Centro Cultural São Paulo (dia 27), com a diferença de que a regência passa a ser de Gil Jardim, atual titular da orquestra. Vale ressaltar que, no dia 23, será realizada no CCSP uma mesa-redonda sobre a trajetória de Toni, com participação de Jardim e dos compositores Rodolfo Coelho de Souza, Rubens Ricciardi e Silvio Ferraz.

Toni disse recentemente que preferia que seu aniversário não fosse necessariamente um pretexto para relembrar sua trajetória, mas, sim, para se trazer à tona novamente a importância de algumas bandeiras que ele tem defendido ao longo dos anos. E a educação musical talvez seja a mais importante delas. “Esse menino, vale muito prestar atenção nele, é um talento excepcional”, ele diz, se referindo a Richard Gonçalvez, o jovem violoncelista que vai interpretar seu Recordare nos concertos da Ocam. É cria da Escola Municipal de Música, prova de que ela segue revelando os novos talentos da nossa música, assim como ainda é um caminho privilegiado para o estudante interessado em aprender um instrumento.

Mais do que isso, aprender música. O aprendizado, para Toni, está colocado sobre diversas fundações. Não basta o aperfeiçoamento puramente técnico. Ele é fundamental, claro, mas precisa estar próximo da prática, da presença no palco, do contato com o público. E também da reflexão. Alunos de música, diz o professor Toni, precisam ler, estudar a história da humanidade, do pensamento, a política. “Com isso, você vive a música”, explicou ao Estado, às vésperas de seu aniversário, em maio.

E é por isso que ele chega aos 80 anos ainda em luta; é por isso que fala com paixão da volta da Escola Municipal de Música ao antigo Conservatório Dramático e Musical, no centro da cidade, próximo ao Teatro Municipal. O prédio é o centro de um projeto de revitalização da região. Receberia os alunos e professores e, entre ele e o Municipal, seria construído um anexo que serviria tanto aos corpos estáveis do teatro quanto aos alunos da escola, inclusive com a instalação de bibliotecas e acervos relacionados à música brasileira. “Não deixem que esse projeto morra”, costuma pedir Toni. Pois que a concretização desse projeto seja uma homenagem àqueles jovens que escolhem a música como caminho. E àqueles que, como Toni, dedicaram a vida a acolhê-los e prepará-los.

(SERVIÇO)Orquestra de Câmara da USP. Anfiteatro Camargo Guarnieri. Rua do Anfiteatro, 109, 3091-3000. Hoje, 20h30. Grátis. Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, 5080-3147. Domingo, 11 h. R$ 3 a R$ 6. Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1.000, 3383-3400. Dia 27, 11h30. Grátis