Operação Guarujá prende 11 ladrões virtuais

Jornal da Tarde - São Paulo - Quinta-feira, 28 de outubro de 2004

qui, 28/10/2004 - 9h07 | Do Portal do Governo

Pela internet, os criminosos invadiam contas bancárias e transferiam saldos para contas de laranjas ou efetuavam compras e pagamentos virtuais. Grupo está ligado a bandos de Santa Catarina e do Pará

RITA MAGALHÃES

Onze pessoas, incluindo um PM da Capital, foram presas em flagrante acusadas de desviar dinheiro de correntistas por meio da internet. Os criminosos – com sede em São Paulo, Belém e no Guarujá – tinham conexão com quadrilhas de hackers de Santa Catarina e do Pará, desmanteladas pela Polícia Federal nas Operações Cavalo de Tróia 1 e 2. Juntas, as três quadrilhas são suspeitas de provocar um prejuízo de R$ 80 milhões anuais aos bancos do País com o ‘furto virtual’, segundo estimativa da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban).

A Polícia Civil de São Paulo, responsável pela Operação Guarujá, que prendeu os 11 acusados, não tem estimativa do quanto o bando desviou, mas achou num dos computadores apreendidos o volume de 18 milhões de e-mails (11,5 milhões de pessoas jurídicas e 6,5 milhões de pessoas físicas), que provavelmente foram ou seriam usados para enviar o programa ‘cavalo de tróia’, um tipo de vírus capaz de capturar os dados – senhas e contas – dos correntistas (veja como é o golpe no quadro ao lado).

A Operação Guarujá foi desencadeada há três meses pela Delegacia de Roubo a Banco do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), depois que uma pessoa aliciada pela quadrilha para ‘alugar’ sua conta bancária para receber o dinheiro desviado decidiu colaborar com a polícia.

J.G. repassou ao delegado Ruy Ferraz Fontes o nome e o telefone da pessoa que o havia cooptado. A partir daí, com o auxílio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, a polícia identificou 16 integrantes da quadrilha. Os outros cinco que ainda não foram presos estão sendo investigados.

De acordo com a polícia, o líder do bando é o analista de sistema Osaíde Vilaça do Nascimento, de Manaus. Ele e o hacker Fabrício Henrique Braga, de Marabá, desenvolviam o ‘cavalo de tróia’. Além de sacar o saldo dos correntistas, os criminosos também efetuavam compras virtuais e pagamentos de contas – de água, luz e telefone – e boletos bancários de licenciamento de veículos, entre outros.

Nos grampos telefônicos, Ferraz Fontes descobriu que, no mês passado, Vilaça recebeu em sua casa, no Guarujá, 12 integrantes da quadrilha de hackers do Pará interessados em aprender como driblar programas antivírus.

Vilaça, Braga e o advogado Fabiano Valle, de Santa Catarina, foram presos às 6h de ontem, na casa do líder, no Guarujá. Na mesma cidade, foram capturados a mulher de Vilaça, Roseana Oliveira de Souza, Élcio de Oliveira Santos, João Alfredo dos Santos Neto, Inês do Carmo Boldrin e Cleuber de Oliveira Souza. Anderson Barros do Carmo e Fábio Barros Apinagés foram presos pela Polícia Federal em Belém, quando recebiam uma entrega de R$ 40 mil em câmeras digitais compradas por Vilaça numa loja virtual.

O soldado da PM Édson Wagner Nunes foi preso no início da noite em sua casa, na Vila Brasilândia, Zona Norte da Capital.