Óleo vegetal move máquina sem danificar motor

O Estado de São Paulo - Quarta-feira, dia 24 de maio de 2006

qua, 24/05/2006 - 10h02 | Do Portal do Governo

Kit desenvolvido por produtor rural aquece o óleo, que pode ser usado em máquinas agrícolas



Niza Souza


Um kit simples, formado por duas resistências, pode tornar viável o uso de óleo vegetal como combustível em máquinas movidas a diesel, sem danificar o motor. Há cinco anos os produtores Luiz Fernando Nasorri, de Maracaju (MS), e Paulo Galvão, do Paraná, em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), da Secretaria de Agricultura, pesquisam o óleo de girassol em máquinas agrícolas.


Esta semana, iniciaram a última etapa da pesquisa. Uma máquina, equipada com o kit, trabalhará 24 horas por dia, até completar 2 mil horas de trabalho, abastecida apenas com óleo vegetal bruto.


“Já fizemos vários testes pequenos, não com trabalho pesado”, diz Nasorri. Depois de completar a carga horária, o motor do trator será aberto para avaliação. A expectativa é a de que não haja danos, nem redução na durabilidade do motor. Além disso, espera-se ainda reduzir o consumo de combustível.


Segundo o produtor, o rendimento esperado, com base em testes anteriores, é de um gasto cerca de 10% menor, em comparação com o diesel. “Um trator que gaste em média 10 litros de diesel por hora, com o óleo vegetal deve gastar 9 litros.” Se as pesquisas confirmarem os resultados dos testes, a economia no custo da produção deve ser considerável. “Pagamos em torno de R$ 2 o litro do diesel. O óleo de soja bruto, prensado na fazenda, sai por R$ 1,20.”


FONTES ALTERNATIVAS

A idéia dos produtores surgiu com a necessidade de encontrar fontes de energia alternativas em função dos consecutivos aumentos de preço do óleo diesel. O grande entrave, porém, para o uso do óleo vegetal em motores é a viscosidade desse tipo de óleo, que é muito grosso. “A grossura do óleo vegetal é dez vezes superior à do diesel”, diz o agrônomo Sylmar Denucci, da Cati. “A razão de transformar óleo vegetal in natura em biodiesel é torná-lo mais fino. Se tivermos um mecanismo para fazer isso, com custo menor, é mais viável usar o óleo vegetal”, acredita Denucci. E o aquecimento do óleo vegetal o torna mais fino.


E é justamente isso que o kit criado pelos produtores faz. As resistências aquecem o óleo, a uma temperatura de 75 graus, antes que ele chegue à bomba injetora. “Se o óleo vegetal atingir os bicos das bombas injetoras a uma temperatura superior a 70 graus já tem viscosidade semelhante à do diesel”, diz.


Depois das 2 mil horas de trabalho e da avaliação definitiva do kit, os produtores pretendem começar a produzi-lo em escala comercial e colocá-lo à venda em todo o País. Nasorri estima que o preço do kit deverá ser em torno de R$ 4 mil.


Enquanto os kits não chegam ao mercado, o agrônomo da Cati afirma que uma receitinha simples – 30% de óleo vegetal (soja, girassol), 65% de diesel e 5% de gasolina (funciona como solvente, para diluir o óleo vegetal) – pode ser usada tranqüilamente pelos produtores em máquinas a diesel. “É compatível com os equipamentos que temos hoje e não causa dano aos motores.”



SAIBA MAIS: Cati, tel. (0–19) 3743-3700