Objetivo do programa, desenvolvido pela Gelre, é formar profissionais para atuarem como autônomos
LUANDA NERA, luanda.nera@grupoestado.com.br
Depois de 6 anos detido no Presídio Franco da Rocha, o mecânico Dário Alves dos Santos, 43 anos, casado e pai de 3 filhos, teve que enfrentar o desafio de voltar ao mercado de trabalho. “Fiz teste em várias empresas durante meses, mas não consegui nada. Até passava nos testes, mas quando eu contava que estava em liberdade condicional, logo desistiam de me contratar”, relata.
A experiência de Dário é comum à grande maioria dos que conseguem a liberdade depois de passar um período detido. O preconceito é o motivo mais aparente, mas a falta de formação profissional também colabora para acentuar esse quadro de exclusão social.
A história do mecânico, entretanto, teve um desfecho bem-sucedido, graças a um trabalho que ele começou justamente quando era interno. Dário dos Santos participou, durante três anos, da oficina de capacitação da Gelre, na penitenciária II de Franco da Rocha. Lá, aperfeiçoou seus conhecimentos profissionais e formou-se para a atuação também na área elétrica. Agora, ele voltou ao projeto como auxiliar de instrutor. É registrado e tem todos os direitos trabalhistas. “Hoje eu ajudo outros alunos. É muito difícil começar outra vez, investir em um novo negócio”, desabafa.
O programa faz parte do Departamento de Responsabilidade Social da Gelre, que implementa ações voltadas à inclusão de profissionais com deficiência, egressos e terceira idade no mercado de trabalho. A novidade agora é a inauguração da oficina no Hospital de Psiquiatria de Franco da Rocha. Lá são oferecidos cursos de mecânica, elétrica, pintura, funilaria e solda, todos orientados por profissionais especializados. O curso é credenciado pelo Senai.
O trabalho realizado nas oficinas envolve manutenção e conserto de equipamentos para uso da construção civil cedidos pela Rentalcenter, empresa da Organização Gelre. Cristina Saturnino, coordenadora das oficinas em Franco da Rocha, explica que o foco do projeto é a profissionalização.
“Não oferecemos só uma atividade de ocupação. Queremos formar profissionais aptos para o mercado de trabalho. As áreas em que nos especializamos – mecânica, funilaria, pintura, elétrica – não dependem do mercado formal de emprego. Os alunos podem trabalhar como autônomos, o que já dá uma perspectiva mais ampla de vida”, analisa Cristina.
Desde o início, as oficinas de capacitação da Gelre já formaram 150 profissionais.
