Obras interrompidas

Jornal da Tarde - Quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

qui, 15/02/2007 - 14h00 | Do Portal do Governo

Do Jornal da Tarde

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos determinou ontem a paralisação das 23 frentes da obra da Linha 4 do Metrô. A decisão foi protocolada na Procuradoria Geral do Estado (PGE) por meio de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que determina ao Consórcio Via Amarela a elaboração de laudos técnicos sobre as condições de segurança das frentes de trabalho.

Caso a vistoria não seja cumprida em 14 dias, o governo pode romper o contrato com as empreiteiras do Consórcio responsável pela obra. As empresas substitutas, nesse caso, conforme estabelece o contrato, serão empreiteiras indicadas pela seguradora AIG Unibanco.

Nas frentes de trabalho cuja segurança pode ser prejudicada com a paralisação haverá continuidade parcial dos trabalhos. É o caso da Estação Fradique Coutinho. Um laudo indicou problemas na solda das estruturas de aço. Hoje os reparos começaram a ser feitos e 35% da soldagem foi completada. ‘É um tipo de serviço que não pode ser interrompido, sob risco de afetar a segurança das obras’, diz José Luís Portella, secretário dos Transportes Metropolitanos. A frente de obras da Estação Pinheiros, parada desde o acidente, ficou fora do acordo.

O governo acredita que o Consórcio entregará os laudos a tempo. Para entregar o trabalho em 14 dias, precisará contratar diversos auditores privados. Quatro laudos já estão prontos e a secretaria pretende entregá-los hoje ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para que sejam atestadas as condições de segurança da obra. Outros dois já estão em andamento.

O IPT trabalhará simultaneamente com quatro equipes, que a cada dez dias deverão entregar quatro laudos. Caso os laudos mostrem segurança nas obras, as frentes de trabalho vão sendo liberadas.

Portella disse que o maior incômodo causado ao governo no vazamento do laudo da soldagem na Estação Fradique deveu-se ao fato de o Consórcio não ter informado o resultado nem para a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, nem para o Metrô e nem para o Ministério Público. Até o engenheiro-chefe do Consórcio, Fábio Gandolfo, ficou sabendo da notícia pelo Jornal Nacional. ‘Isso mostra que há uma bagunça no Consórcio. É um fato gravíssimo.’

Segundo Portella, o inspetor que apontou falhas na soldagem não podia ter opinado sobre as condições de estrutura metálica. ‘Ele não é engenheiro e não podia dizer se havia riscos de desabamento.’

Sete relatórios de não conformidade apresentados ontem em uma comissão criada na Assembléia Legislativa, para investigar as causas do acidente na futura Estação Pinheiros, mostra que há uma demora para a resolução dos problemas na obra. O deputado Valdomiro Lopes (PSB) considerou preocupante esse ‘hiato’ nas ações.

Um dos problemas refere-se à Estação Butantã, na Linha 4, que começou a ser escavada sem o projeto executivo. No relatório, um técnico do Metrô afirma que a ‘a escavação do poço foi iniciada sem projeto executivo devido à visita do governador (Geraldo Alckmin) à obra’.