O Rodoanel e a Baixada

O Estado de S. Paulo - Terça-feira, 13 de julho de 2004

ter, 13/07/2004 - 9h29 | Do Portal do Governo

O início das obras do trecho sul do Rodoanel pelo Grande ABC sinaliza, uma vez mais, o compromisso do governador Geraldo Alckmin com o desenvolvimento econômico da Baixada Santista e, em particular, com o processo de valorização do Porto de Santos. Se levado a cabo este plano do Palácio dos Bandeirantes, as exportações pelo cais local tenderão a ser facilitadas. Estrategicamente, portanto, a decisão do Executivo Estadual trará benefícios para Santos e a região.

A vantagem que a cidade leva com o posicionamento de Alckmin é no aspecto logístico e deve ser entendida de acordo com as seguintes premissas: a primeira delas é que o Rodoanel, como o nome diz, é uma obra rodoviária que circunda a Grande São Paulo com o objetivo de interligar as principais rodovias paulistas. Ora, se o trecho da área do sistema Anchieta-Imigrantes estiver pronto antes daquele que interligaria as demais estradas paulistas à Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), os exportadores certamente ampliarão seus embarques pelo cais santista.

Num cenário oposto – com o Governo do Estado optando por iniciar o trecho sul pelo lote de Embu – os movimentos de cargas teriam acesso facilitado à Rodovia Régis Bittencourt. Em última análise, tal possibilidade permitiria que parte das cargas tivesse a rota desviada rumo ao Porto de Paranaguá (PR) – um dos principais concorrentes de Santos no cenário nacional.

É evidente que todos os trechos do Rodoanel são importantes. Quando conceberam a obra, os técnicos do Governo do Estado tinham como objetivo agilizar as exportações de produtos paulistas e do Centro-Oeste, além de aliviar o trânsito de veículos na capital. No entanto, ao decidir iniciar o trecho sul pelo ABC, o Governo do Estado optou por dar prioridade ao Porto de Santos.

Não é a primeira sinalização política do governador Geraldo Alckmin neste sentido. Desde o ano passado ele tem tentado convencer o Governo Federal da importância de iniciar a construção do Ferroanel – anel ferroviário com traçado paralelo ao Rodoanel – pelo tramo sul.

Tal tentativa diz respeito à perspectiva de que, nos próximos anos, aumente muito o percentual das cargas agrícolas de exportação transportadas por trem. No caso do Ferroanel, uma outra disputa é travada: forças políticas ligadas ao Porto de Sepetiba (RJ) tentam começar a obra pela face norte, o que desviaria ao Rio de Janeiro as exportações originalmente destinadas a Santos.

Até agora não houve, por parte da União, uma decisão terminativa a respeito do Ferroanel. É necessário, pois, que as forças políticas regionais e o Governo do Estado ajam para que tudo termine em acordo com os interesses econômicos da Baixada Santista, como no caso do Rodoanel.