EDITORIAL
O porto de São Sebastião tem um dos melhores calados do Brasil, taxa de operação bem mais baixa que a do porto de Santos e foi redescoberto pelas montadoras – como Volkswagen, Fiat e General Motors – como rota para exportação de veículos.
Estas são vantagens consideráveis.
Contra ele, dois fatores de peso: a capacidade instalada e operacional do porto de Santos, o maior terminal do Brasil, dotado, além de infra-estrutura, de um forte lobby empresarial e classista; e a dificuldade de acesso ao porto do Litoral Norte, em especial durante a temporada de verão, quando as rodovias Tamoios e Rio-Santos, principalmente, registram um volume de tráfego três vezes acima do normal, com dezenas de pontos de congestionamento. Sem solucionar esses dois gargalos, o porto de São Sebastião continuará a ser um terminal secundário, crescendo menos que o possível.
Para resolver essa parada, o governo do Estado acena com recursos, projetos e negociações com grupos nacionais e estrangeiros envolvendo o porto de São Sebastião.
De um lado, investe R$ 8,7 milhões em dois anos na melhoria da infra-estrutura do terminal, com a construção de dois dolphins para atração de navios, pavimentação de pátios, construção de três armazéns e melhoria de acessos, entre outros ajustes. Mas falta o principal: o projeto de ampliação do porto prevê investimentos de R$ 57,8 milhões na construção de dois novos berços de atracação, equipamentos e aumento do calado de 8,5 metros para 14 metros. Esse esforço tem um objetivo: a privatização do porto, cujo processo deve ser iniciado em 2005. Do outro, o Estado tenta melhorar as estradas de acesso ao Litoral Norte e, mais importante, as alças de contorno em Caraguá e São Sebastião, para evitar que o trânsito pesado acabe misturado ao tráfego urbano. Resta a dúvida: sem a duplicação da Tamoios, há outra solução real para melhorar a ligação Vale do Paraíba-Litoral Norte?
A Secretaria dos Transportes está confiante no projeto elaborado para o porto e nas negociações em torno de sua expansão. Nesse sentido, a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) hoje em São Sebastião, quando a GM inicia a operação de exportação de 4.540 carros para o México, é um bom sinal.
