O perfil de quem anda de metrô em São Paulo

Jornal da Tarde - Sexta-feira, 30 de abril de 2004

sex, 30/04/2004 - 9h19 | Do Portal do Governo

Pesquisa realizada pela Companhia do Metropolitano mostra que os passageiros tiveram queda de 17% no rendimento familiar e que menos jovens estão usando o transporte. Foram entrevistadas 6,6 mil pessoas

ARTHUR GUIMARÃES

Como faz a cada dois anos desde 1974, o Metrô divulgou o resultado da pesquisa por amostragem que examina o perfil médio de seus usuários. Neste ano foram entrevistadas 6,6 mil pessoas aleatoriamente em todas as estações da Cidade. Segundo o diagnóstico, as principais mudanças de perfil ocorreram em relação aos rendimentos familiar e individual dos usuários, que tiveram queda média de 17% e 23%, respectivamente.

‘Na realidade, houve um empobrecimento dos usuários do metrô, fazendo crescer a parcela daqueles com renda mais baixa e reduzir o número das pessoas com renda mais alta, principalmente das que ganham mais de 30 salários mínimos mensais de renda familiar’, explica a analista de pesquisas da empresa, Denise Daud Cardoso.

Outra constatação é a de que os jovens estão viajando cada vez menos nos vagões que cruzam o subsolo de São Paulo.

Essa diminuição seria reflexo direto da situação econômica do País. ‘Os postos de emprego para esse público estão cada vez mais escassos. Antes eles costumavam circular mais procurando uma vaga no mercado de trabalho. Hoje, muitos não vêem perspectiva’, explica a analista.

O objetivo deste tipo de estudo é caracterizar os usuários do Metrô e seus hábitos de viagem. ‘Isso nos permite elaborar políticas voltadas para o desempenho eficiente da empresa, além de subsidiar o planejamento do transporte público, à medida que os dados levantados revelam as mudanças dos desejos de deslocamentos da população.’

Um exemplo de melhoria trazido pelas pesquisas, segundo a analista, foi a campanha organizada para evitar quedas nas escadas. ‘Foi uma ação voltada para atender a parcela de idosos que crescia bastante, como indicou levantamentos no passado’, diz.

Ainda pela pesquisa divulgada ontem, o usuário padrão do metrô de São Paulo é homem, tem entre 18 e 34 anos, possuiu ensino médio completo e pertence à classe média. O auxiliar de escritório Adriano da Silva reúne todas essas características. Com 28 anos, ele utiliza o meio de transporte para ir trabalhar. ‘Devo gastar uns R$ 600 por mês pagando os bilhetes’, afirma ele.

‘Sorte que meu chefe paga tudo’, comemora. Adriano explica que não possui nenhuma grande reclamação sobre o metrô. ‘Os vagões são limpos e modernos. É muito melhor que andar de carro ou ônibus, ainda mais com esse trânsito’, argumenta.

Já o aposentado Durval de Souza, de 68 anos, usa o metrô apenas para ir ao seu médico particular, que fica no Centro. ‘Acho que faço essa viagem pelo menos duas vezes por semana, já que tenho diversos problemas de saúde’, revela. Mesmo doente, o aposentado afirma que oferece o assento reservado a idosos para os demais passageiros. ‘Tem muito jovem que anda mais cansado do que eu’, brinca ele.

A professora aposentada Márcia Sacurata, 50 anos, não anda de metrô diariamente, mas, mesmo assim, entrou no perfil de usuárias levantado pela pesquisa, já que tem um grau de escolaridade maior do que a média masculina (que é o ensino médio). ‘Fiz faculdade para poder ser professora de educação infantil’, conta.