O Japão quer se abastecer na América Latina

O Estado de S.Paulo - Quinta-feira, 16 de setembro de 2004

qui, 16/09/2004 - 14h47 | Do Portal do Governo

Primeiro-ministro Koizumi pede que o Brasil se empenhe nesse estreitamento de relações

PAULA PULITI

O Japão quer transformar a América Latina em fornecedor estável e ilimitado de recursos minerais, energéticos e de alimentação, assegurou ontem o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, em almoço para 200 convidados no Palácio dos Bandeirantes. Ele pediu às autoridades e empresários presentes que se empenhem em dar novo impulso às relações entre o Japão e a América Latina e disse ter se impressionado com a abundância de recursos naturais que observou durante sobrevôo na região de Pradópolis, São Paulo, realizada ontem.

‘As relações econômicas entre o Japão e a América Latina têm muitas possibilidades de crescimento. Este é o momento’, disse Koizumi, acrescentando que seu país está investindo US$ 4,6 bilhões em projetos para integrar a infra-estrutura regional.

Nesse sentido, Koizumi confirmou que assina amanhã um acordo de associação econômica com o México, para o livre intercâmbio de produtos, pessoas, serviços e capitais. O primeiro-ministro espera que esse acordo sirva de base para as relações entre o Japão e os outros países da América Latina. ‘É o primeiro acordo comercial que meu país assina com uma nação latino-americana. Espero que ele seja capaz de impulsionar mais programas conjuntos.’

Koizumi pediu também maior apoio do Brasil nas questões internacionais e a cooperação do País para impulsionar as negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). Manifestou-se favorável à ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas. ‘Quanto mais membros, mais credibilidade tem o órgão.’

Koizumi finalizou o discurso confessando ter se impressionado com a atitude do maratonista brasileiro Wanderlei Cordeiro de Lima, em Atenas. ‘Ele emocionou o mundo inteiro, pois não se deixou abater pelo obstáculo. Deu-nos uma grande lição.’

Segundo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Koizumi confirmou o interesse japonês no álcool combustível. ‘O interesse japonês pela nossa tecnologia do etanol está muito maduro, disse Alckmin. ‘O Japão firmou o Protocolo de Kioto e tem grande preocupação com o meio ambiente. E o álcool é uma tecnologia limpa.’

Ao final do almoço, Alckmin ofereceu jabuticabas ao primeiro-ministro, que não conhecia a fruta. Koizumi seguiu ontem mesmo para Brasília, para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles vão debater assuntos relativos à agenda multilateral, ‘com ênfase na reforma das Nações Unidas’, e os planos para os festejos do centenário da imigração japonesa, a ser comemorado em 2008. Depois, o premiê japonês viajará para México e para Nova York, onde participará da sessão de abertura da Assembléia Geral da ONU. (Com agências internacionais).