O Instituto Biológico terá centro cultural

Jornal da Tarde - Terça-feira, 2 de agosto de 2005

ter, 02/08/2005 - 10h11 | Do Portal do Governo

Restauração do Instituto Biológico, autorizada pelo governador Geraldo Alckmin prevê a inauguração de um centro cultural, antiga reivindicação dos moradores da região

O imponente edifício do Instituto Biológico, na Vila Mariana, em pouco tempo será um espaço dedicado a atividades culturais e artísticas. A restauração do prédio, autorizada no fim do ano passado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), prevê a inauguração de um centro cultural, reivindicação antiga dos moradores. A idéia é que feiras artísticas e apresentações de música e teatro convivam com os laboratórios e pesquisas do instituto.

‘Em 1995, havia um projeto para vender o prédio do instituto, já que ele está em uma área muito valorizada’, conta Rosana Miranda, associada da República da Vila Mariana, entidade que luta pela memória e pelo patrimônio histórico da região. ‘A comunidade se articulou e impediu a venda, fazendo com que, em março de 2002, o prédio fosse tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico Artístico e Turístico do Estao de São Paulo).’

Com essa vitória, os moradores da Vila Mariana decidiram ‘tomar conta’ do Instituto Biológico, já que grande parte da comunidade não sabia para que servia aquele prédio cinzento. ‘Um bem cultural não pode ser preservado sem que seja usado socialmente. Por isso, pensamos em unir a restauração com um projeto cultural que não entre em conflito com as pesquisas do instituto.’

Estimada em R$ 20 milhões, a restauração deve resgatar a arquitetura do prédio e revitalizar os laboratórios e áreas de pesquisa. Além disso, um dos 11 prédios tombados pelo Condephaat, e hoje sem uso, poderá ser transformado em área cultural. ‘O público não pode ter acesso a todas as áreas do Biológico, por causa das pesquisas’, disse Antônio Batista Filho, diretor-geral do instituto.

O pré-projeto de restauro está pronto e aguarda o aval das Secretarias de Estado da Agricultura e Cultura e aprovação pela Lei Rouanet, do Ministério da Cultura. ‘O Estado vai receber esse projeto como um presente e a comunidade não perderá o local onde a história da ciência de São Paulo está guardada’, afirma Rosana. ‘Mas é ótimo que haja um espaço para os moradores freqüentarem.’

Instituto surgiu em 1924 para combater praga de cafeeiros

O Instituto Biológico começou suas atividades em 1924, quando o governo paulista montou uma comissão com quatro cientistas de renome para controlar a broca do café. A praga estava acabando com a produção e levando os produtores ao desespero. Em pouco tempo, o governo sentiu a necessidade de criar um órgão permanente de pesquisa e estudos para combatar pragas de animais e vegetais. Atualmente, a febre aftosa e a epidemia da vaca louca são algumas das doenças estudadas no local, que também desenvolve vacinas e antígenos.

Antes de ocupar o terreno de 124 mil m² na Avenida Rodrigues Alves, na Vila Mariana, o Instituto Biológico passou por vários endereços. A construção do edifício-sede começou em 1928 e só foi concluída 17 anos depois, em 1945, com uma pomposa inauguração.

Abandonado e quase vendido em 1995, o Biológico foi declarado bem cultural de interesse histórico, arquitetônico e urbanístico a 20 de março de 2002, por força da comunidade de Vila Mariana. A área de 122 mil m² tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Palo (Condephaat), envolve 11 edifícios, as ruas internas e 800 pés de café que serviram para as pesquisas no lugar. Com o processo de tombamento, o instituto lutou para abrir ao público seu museu. Hoje, as coleções especializadas na área animal, bacteriológica, vegetal e entomológica já podem ser consultadas por meio de visitas monitoradas pelos pesquisadores do instituto.