O Caminho do Mar

O Estado de S. Paulo - Segunda-feira, 19 de abril de 2004

seg, 19/04/2004 - 8h41 | Do Portal do Governo

EDITORIAL

Depois de idas e vindas entre vários projetos, envolvendo especialistas de cinco Secretarias de Estado, coordenadas pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), finalmente foi reaberto o antigo Caminho do Mar, a Estrada Velha de Santos, entre a Represa Billings, em São Bernardo do Campo, e Cubatão. Serão 8 quilômetros de passeio, com paradas panorâmicas no Monumento do Pico, o ponto mais alto da serra, o Pouso Paranapiacaba, o Belvedere Circular, o Rancho da Maioridade, a Calçada do Lorena, o Pontilhão Raiz da Serra e o Cruzeiro Quinhentista. Os visitantes deverão se encantar, de início, com a beleza da mata atlântica, uma vez que muitos dos monumentos estão pichados e estragados. Há uma autorização para uso, pela Lei Rouanet, de R$ 3,5 milhões para o restauro, mas ainda faltam parceiros da iniciativa privada para que o visitante possa apreciar, sem se decepcionar com o estado de conservação, marcos importantes da história brasileira, enquanto admira o remanescente da mata atlântica, naqueles quilômetros da Serra do Mar.

A reabertura da estrada faz parte do Projeto Caminhos do Mar Pólo Ecoturístico, desenvolvido em área do Parque Estadual da Serra do Mar, que pertence à Emae. O projeto objetiva estabelecer um modelo de intervenção auto-sustentável em sítio histórico e ecológico com forte potencial turístico. O processo de criação desse ‘modelo’ foi lento e irregular. Entre o final dos anos 80 e 1998, na área foram feitos vários projetos de educação ambiental, que sofreram muitas interrupções. A restauração da Casa de Visitas, um casarão avarandado com vista para a serra – construído em 1926 pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo -, foi o primeiro passo para a retomada do parque pela Emae. A restauração da casa funcionou como centro de recepção de visitas monitoradas e controladas para evitar a degradação ambiental. As visitas limitavam-se ao Monumento do Pico e à Calçada do Lorena. O resultado dessa iniciativa foi surpreendente: entre 10 mil e 12 mil visitantes/mês aproveitavam os roteiros de visita.

Como o plano de manejo do Projeto Caminhos do Mar Pólo Ecoturístico ainda não foi aprovado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), as visitas serão abertas, agora, apenas para grupos pequenos, até o máximo de 100 visitantes nos dias úteis, dobrando nos finais de semana. Em alguns roteiros, as limitações serão ainda mais rigorosas. Por exemplo, somente 30 pessoas por dia poderão visitar a Usina Henry Borden. A experiência, no entanto, mostra que o potencial turístico da região é enorme. Ao Estado cabe incentivar os aspectos educativos implícitos na referência histórica e na preservação ambiental de projetos como esse, mas é preciso um ‘sócio’ privado para que todo esse potencial econômico do empreendimento seja realmente aproveitado. E, sem dúvida, o ‘modelo’ desenvolvido no projeto ecoturístico do Caminho do Mar precisa ser copiado em outros sítios históricos do Estado.