Novos hábitos

Brasil Econômico

ter, 20/04/2010 - 8h33 | Do Portal do Governo

Começou ontem em São Paulo um seminário internacional organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre as melhores práticas de comunicação dos maiores grupos mundiais de saneamento. A comunicação é essencial em qualquer setor. Mas é difícil imaginar segmento no qual seu papel seja mais estratégico que em saneamento.

Isso de deve a duas razões principais, ambas associadas à educação ambiental. Em primeiro lugar, não basta fazer obra para despoluir os cursos d’água. É preciso conseguir o apoio da comunidade para a introdução de novos hábitos. É o caso, por exemplo, da Região Metropolitana de São Paulo, onde a Sabesp está investindo US$ 2,5 bilhões no Projeto Tietê, que teve sua segunda fase concluída em 2008, elevando a coleta de esgotos de 80% para 84% e o tratamento de 62% para 70%. A continuidade do projeto permitirá elevar a coleta para 87% e o tratamento para 84% até 2015. Tal esforço é essencial para que o Rio Tietê fique livre dos despejos de esgoto e melhorre a condição de saúde pública. Mas é indispensável que a população faça a devida ligação de seu imóvel à rede coletora e use adequadamente essa rede. É igualmente fundamental reduzir o despejo de lixo na rua e nos córregos, que acabam levados pela chuva para dentro do rio.

Em segundo lugar, é fundamental conscientizar as pessoas de que a água é um recurso escasso. Em algumas circunstâncias, extremamente escasso, como na região metropolitana de São Paulo e, em época de alta temporada, no litoral paulista. Daí a importância de influenciar o comportamento individual, produzindo ganhos coletivos. Exemplo são as campanhas de comunicação para o uso racional da água feitas no litoral durante as “Operações Verões” da Sabesp. O desafio consiste em superar as dificuldades de abastecimento durante a alta temporada na qual a população duplica e, em algumas cidades, quadruplica.

Do lado da oferta, vários obras e melhorias operacionais vêm sendo implementadas – ampliação de reservatórios, aumento da pressão na rede, ampliação da captação, tratamento e distribuição, além de investimentos de médio prazo em novo sistema produtor de água. Do lado da demanda, por sua vez, é necessário evitar o desperdício, principalmente nos dias de feriado prolongado, quando a ocupação atinge seu máximo e a temperatura induz ao maior consumo.

A população aderiu à campanha “Sabendo usar, não vai faltar” e evitou lavar carros, calçadas e se apressou no banho. Uma parcela do sucesso obtido, com abastecimento normal nas duas últimas temporadas, se deveu à colaboração da população.

Não há outro setor de infraestrutura com efeitos mais significativos sobre a saúde e o meio ambiente que o saneamento. Porém, prevalece a desinformação, os cronogramas de investimentos são longos e, mesmo quando concluídos, seus resultados não são tão visíveis e dependem da colaboração da sociedade. Boa comunicação, neste caso, é sinônimo de educação ambiental.

Gesner Oliveira é presidente da Sabesp