Novo projeto no trecho sul do rodoanel

Gazeta Mercantil - Segunda-feira, 10 de maio de 2004

seg, 10/05/2004 - 9h06 | Do Portal do Governo

Governo de São Paulo espera entregar ainda em maio alternativa para evitar danos ambientais na Grande São Paulo

Marcelo Moreira

O governo de São Paulo corre contra o tempo para buscar alternativas aos problemas do projeto envolvendo o trecho sul do Rodoanel Mário Covas, que deverá circundar a Grande São Paulo. O projeto, a grande vitrine do governo Geraldo Alckmin (PSDB), está sendo considerado a salvação econômica da área leste da região metropolitana de São Paulo e do ABC.

A previsão da Secretaria dos Transportes de São Paulo é apresentar ainda em maio um novo estudo sobre o impacto ambiental da obra, que já tem 32 quilômetros em sua chamada asa oeste, integrando as rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco e Raposo Tavares. Desde o ano passado estão sendo realizadas reuniões com representantes de prefeituras, entidades ambientalistas e arquitetos, além de ONGs (Organizações Não-Governamentais), para discutir opções de traçado da auto-estrada. Já foram realizadas pelo menos três audiências públicas em pelo menos três cidades.

Em Mauá, um dos municípios que deverão ser amplamente beneficiados com a obra, a sociedade analisa desde o final de 2002 cinco opções de traçado, já que o original não agradou. A prefeitura, encabeçada pelo prefeito Oswaldo Dias (PT), anseia por um traçado que privilegie o bairro de Sertãozinho, que é o mais novo e promissor pólo industrial da cidade.

Com a pista cortando o bairro ou passando próximo – o que permitiria a construção de um acesso direto – provavelmente estimularia e viabilizaria o pólo industrial, que no ABC é considerado como a principal área econômica viável da região leste da Grande São Paulo.

As propostas atuais em análise incluem a construção do Ferroanel, que acompanharia o traçado rodoviário e serviria para o transporte de cargas pesadas e perigosas a longas distâncias.

Problemas

O governo estadual, entretanto, não tem o dinheiro necessário para todo o trecho, que tem estimados 60 quilômetros de extensão e que ligaria Mauá à rodovia Régis Bittencourt, onde se conecta ao trecho oeste – o trecho sul interligaria a região oeste da Grande São Paulo às rodovias Anchieta e Imigrantes, que levam ao Porto de Santos. No plano plurianual estão previstos R$ 800 milhões, mas a obra deve custar R$ 2 bilhões.

O estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto no meio ambiente (EIA-Rima) elaborados em 2002 acabou sendo ignorado. Para a secretaria, haveria o risco de que os planos originais perdessem relevância por conta do tempo necessário para a aprovação e começo de execução das obras.

O EIA-Rima antigo foi bombardeado pelos ambientalistas, que não aceitavam o traçado proposto, alegando que o trecho sul provocaria danos aos ecossistemas na Serra do Mar e nas represas Billings e Guarapiranga – sem falar nos problemas apontados no trecho norte, que cortaria a Serra da Cantareira.

A Sabesp e o Instituto Florestal também se opuseram ao traçado, perto de áreas de captação de água, responsáveis por 60% do abastecimento da Grande São Paulo.

Falta de integração

Alguns dos principais críticos do rodoanel reclamam da falta de integração e de troca de informações entre os governos municipal e estadual. A prefeitura paulistana está amplamente empenhada na transformação da zona leste de São Paulo em importante pólo industrial e conta com a ampliação da estrada Jacu-Pêssego, que corta o extremo da zona leste, para viabilizar a iniciativa. Até agora ambos os projetos caminham de forma separada, o que pode causar problemas.