Novo cebolão vai desafogar acesso da Anhangüera à Marginal do Tietê

O Estado de S.Paulo - Quinta-feira, 29 de março de 2007

qui, 29/03/2007 - 11h17 | Do Portal do Governo

De O Estado de S.Paulo

A Marginal do Tietê, uma das principais artérias do trânsito de São Paulo, vai ganhar um novo cebolão até 2009. Nos próximos dias, a AutoBan – concessionária que administra o Sistema Anhangüera/Bandeirantes – anunciará a construção de um complexo viário interligando a Via Anhangüera e a Marginal. A obra vai custar R$ 250 milhões e será custeada pela concessionária. O projeto pretende eliminar o gargalo do trânsito na chegada à capital, oferecendo alternativas aos milhares de veículos que diariamente entram na cidade pela rodovia.

Serão construídas três pontes – uma ligando o bairro da Lapa ao sentido interior da Anhangüera, outra entre a Marginal do Tietê e o sentido interior da rodovia e uma terceira, da pista sentido capital da Anhangüera até a Marginal do Tietê. A Ponte Atílio Fontana, hoje o principal acesso para os motoristas que vêm do interior ou de outros bairros e pretendem pegar a Marginal, será transformada em via de mão única em direção à Lapa. “Esse cebolão seguirá os moldes do que existe na Rodovia dos Bandeirantes”, diz o secretário dos Transportes, Mauro Arce.

Além das três novas pontes, a AutoBan também se comprometeu a fazer obras de melhoria num trecho de 7 quilômetros da Anhangüera – entre o km 12, no entroncamento com a Marginal do Tietê, e o km 19, no trevo de Osasco. “A concessionária vai readequar acessos, reformular a sinalização e duplicar parte das vias marginais à Anhangüera”, afirma o secretário dos Transportes. Arce lembra que, durante a semana, esse trecho da rodovia é muito utilizado tanto por moradores da capital e da Grande São Paulo quanto por pessoas que vivem ou trabalham em cidades próximas à capital, sobretudo na região de Campinas e de Jundiaí.

O acordo entre o governo do Estado e a concessionária foi firmado em dezembro passado, no fim da gestão Cláudio Lembo (PFL). Como contrapartida, o governo estendeu em nove anos o prazo de vigência do contrato de concessão com a AutoBan. “Como o contrato completa nove anos em maio, é como se estivéssemos começando do zero”, explica Arce. A cláusula 25 do contrato, que trata sobre o reequilíbrio econômico-financeiro, permite esse tipo de negociação. A obra deve começar no início de abril. As intervenções no trecho de 7 quilômetros deverão ser concluídas em 2008. A entrega das pontes está prevista para 2009.

Na opinião de Arce, a iniciativa servirá para balizar futuras renegociações de contratos com as concessionárias. Anteontem, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), manifestou interesse em criar um projeto de recuperação de estradas vicinais no Estado, transferindo a manutenção para as empresas que já administram as principais rodovias paulistas. A proposta inclui a conservação de trechos nas Marginais do Tietê e do Pinheiros.

“A vantagem desse processo é que você dispensa a licitação. Se o governo tivesse de custear a obra, seria preciso fazer uma licitação via Dersa. Mas, como o projeto será conduzido pela concessionária, ela tem condições de fazer uma contratação direta”, afirma Arce, garantindo que isso não acarretará aumento de pedágio. “A única contrapartida é a extensão do prazo de vigência dos contratos.”

Para o engenheiro Horácio Figueira, especialista em trânsito e transporte, a construção das pontes não será suficiente para solucionar constantes congestionamentos na chegada a São Paulo. “A Marginal do Tietê passa o dia todo congestionada, pois opera além de sua capacidade. Enquanto não resolverem isso, fazer obras viárias ali é jogar dinheiro fora”, afirma.

O arquiteto Sylvio Sawaya, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, considera a obra positiva do ponto de vista urbanístico. “Se não fizerem pontes meramente rodoviárias, esse projeto ajudará a unir a Vila Leopoldina aos bairros que estão do outro lado do rio”, diz Sawaya.

Procurada, a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), que representa a AutoBan, não havia se pronunciado até as 23 horas de ontem.