Por Duarte Nogueira
De Santos para o mundo. Faço referência a dois produtos exportados de Santos para todos os cantos do planeta. Os dois se tornaram referência de excelência pela trinca de Ps que carregam. A primeira delas brilhou na década de 60, com os três Ps – Pagão, Pelé e Pepe, aquele espetáculo de ataque santista que encantou os gramados mundiais. A segunda referência brilha há 275 anos no Brasil, desde que as primeiras mudas chegaram ao Vale do Paraíba e se espalharam pelo Estado de São Paulo, invadindo Minas Gerais e norte do Paraná. Falo do nosso café, que se destaca pelo paladar, perfume e potencial exportador que possui. Da primeira, não posso me estender sobre o assunto pela limitação do cargo. Já no caso do café, quero enaltecer o trabalho dos cafeicultores paulistas que hoje participam do II Concurso Estadual de Qualidade do Café, elegendo os dez melhores da safra 2003.
A cerimônia de premiação não poderia ser numa cidade e local mais adequado. É do Porto de Santos que saem 50% dos embarques brasileiros do grão, fazendo de nós paulistas os maiores exportadores, apesar de sermos os terceiros maiores produtores, precedidos de Minas Gerais e Espírito Santo. No ano passado, foram 28 milhões de sacas em exportações brasileiras, 5 milhões a mais que em 2001. O local da entrega é o Museu dos Cafés do Brasil, o qual abriga um dos melhores e maiores acervos da história do café e da magnitude de nossos grãos no cenário mundial. O prêmio aos vencedores leva o nome do pesquisador científico Aldir Alves Teixeira, um dos maiores especialistas e entusiastas do setor. Tudo parece colaborar para que a festa seja a coroação de uma cultura, que está entre as dez mais no ranking do valor da produção agropecuária paulista. São 248,5 mil hectares da lavoura.
Os dez cafés finalistas vêm de 11 concursos regionais realizados na principais zonas cafeeiras do Estado. Os vencedores recebem, além do Prêmio Aldir Alves Teixeira, um lugar de honra nas gôndolas dos supermercados paulistas, através de parceria com a Associação Paulista de Supermercados (Apas), o qual permitirá que os produtos tragam na embalagem o adesivo indicativo de ‘Edição Especial dos Melhores Cafés de São Paulo. Safra 2003’. A parceria do setor produtivo com o poder estadual tem rendido bons frutos, ou melhor, bons grãos.
Com o trabalho da Câmara Setorial do Café, uma das 25 Câmaras Setoriais da Cadeia Produtiva Paulista, ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, lançamos em 2002 o Selo de Qualidade para o Café Torrado e Moído, o primeiro selo dentro do Programa de Qualidade Produto de São Paulo. Este programa é de agregação de valor aos produtos paulistas por meio de criação de normas específicas e padronização desde a produção até a comercialização. No Estado, mais de 20 torrefadoras entraram com o pedido e passam por um processo de adequação às normas técnicas para exibir o Selo de Qualidade Produto de São Paulo.
Por que agregar valor ao nosso café é tão importante? Para se ter idéia, nós brasileiros, maiores produtores de café verde do mundo, seguidos de Colômbia e Vietnã, angariamos com as exportações de café torrado e moído em 2002 cerca de US$ 5,5 milhões. A Alemanha, os Estados Unidos e a Itália faturaram US$ 600 milhões com café torrado e moído, e nenhum deles possui cafezais. Para 2003, a previsão é de que alcancemos US$ 15 milhões. Caminhamos a passos largos. É na agregação de valor que reside a nossa grande chance de gerar empregos e renda no campo. De olho nisso, a Secretaria lançou em abril uma linha de crédito para aquisição de máquinas beneficiadoras e de secagem dos cafés da região de Avaré e Ourinhos destinada aos pequenos produtores, aqueles com renda bruta anual de até R$ 100 mil. É desta região que saiu o vencedor do Concurso de 2002, no município de Piraju.
Incentivar e criar condições para aumentar a renda do produtor é a nossa meta e temos que apostar em outros três Ps para nos superarmos. É a trinca da Parceria Público Privada. O Governo do Estado entende e trabalha para isto, junto com a Câmara Setorial do Café, com o Sindicato da Indústria do Café (Sindicafé-SP), com a Apas, com a Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café) e com a Associação Comercial de Santos, que realizam juntos este II Concurso Estadual de Qualidade do Café, que tenho certeza renderá excelentes grãos e gols.
Duarte Nogueira é secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
