Nossa Caixa se prepara para queda dos juros

O Estado de S. Paulo - 3/9/2003

qua, 03/09/2003 - 10h22 | Do Portal do Governo

Banco pretende aumentar operações de crédito e receitas com prestação de serviços

Por Sérgio Lamucci


O Estado de S. Paulo – Quarta-feira, 3 de setembro de 2003

Com a expectativa de que os juros cairão com força ao longo dos próximos anos, a Nossa Caixa prepara mudanças em sua estratégia. Para reduzir a importância dos ganhos com títulos públicos, o banco vai lançar, até o fim do ano, produtos como cartão de crédito e previdência privada, além de tentar administrar um volume maior de recursos de terceiros – para isso, a instituição criou uma área para atender fundos de pensão e seguradoras. ‘Temos que preparar o banco para um País que dá certo, em que os juros são mais baixos e o desafio operacional é maior, em que é necessário buscar receitas no setor real da economia’, afirma o presidente da Nossa Caixa, Valdery Albuquerque. Segundo ele, aumentar as receitas com operações de crédito e com prestação de serviços são dois dos grandes objetivos da instituição, que também pretende abrir o capital ao longo da gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A Nossa Caixa teve um lucro de R$ 250,3 milhões no primeiro semestre, atingindo um retorno sobre o patrimônio líquido de 33,74%. O resultado é bom, mas cerca de dois terços veio dos ganhos com títulos públicos. Com a expectativa de queda da taxa Selic, os papéis do governo devem render menos, o que reforça a estratégia de aumentar as operações de crédito. Albuqueque aposta que isso vai se intensificar a partir de novembro, uma vez que reduções dos juros demoram alguns meses para impactar a economia. Para aumentar a competitividade no mercado de crédito, a instituição anunciou ontem o corte das taxas de 24 linhas de empréstimos. A taxa do cheque especial, por exemplo, caiu de 8,65% para 8,4% ao mês.

O presidente da consultoria Austin Asis, Erivelto Rodrigues, diz que a Nossa Caixa é hoje o melhor banco estadual do País. A atual administração, segundo ele, dá continuidade à gestão criteriosa anterior, quando o presidente era Geraldo Gardenali. ‘O banco é eficiente, mas tem que aumentar sua carteira de crédito, que ainda é pequena.’ Em junho, as operações de crédito estavam em R$ 3,39 bilhões.

Outro desafio é aumentar as receitas de prestação de serviços. Enquanto em instituições como o Itaú os ganhos com a cobrança de tarifas atingem 160% do total da folha de salários, na Nossa Caixa esse porcentual é de 30%.

Albuquerque diz que isso ocorre porque o banco não dispõe de uma prateleira completa de produtos. ‘Até o fim de 2006, o objetivo é que as receitas de prestação de serviços correspondam a 80% da folha de salários.’ Rodrigues considera o número factível, e acha importante que o banco lance produtos como cartão de crédito e previdência privada, o que deve ocorrer no fim do ano. Outra meta é administrar um volume maior de recursos de terceiros. Para isso, foi criada uma área para tratar do relacionamento com fundos de pensão e seguradoras. Hoje, a Nossa Caixa administra R$ 8 bilhões.

A Nossa Caixa fará neste mês sua primeira captação externa, devendo lançar títulos de US$ 50 milhões, numa operação liderada pelo UBS Warburg.