Nossa Caixa reconta fundação de SP

O Estado de S. Paulo - 29/8/2003

sex, 29/08/2003 - 9h43 | Do Portal do Governo

Projeto do banco para a comemoração dos 450 anos da cidade envolve o escritor Eduardo Bueno

O Estado de S. Paulo – Sexta-feira, 29 de agosto de 2003


O presidente da Nossa Caixa, Valdery Albuquerque, e o escritor Eduardo Bueno, anunciarão hoje, durante entrevista no Pateo do Collegio, o projeto do banco para as comemorações dos 450 anos de São Paulo, que ocorrerão em 25 de janeiro de 2004.

A Nossa Caixa pretende recontar os fatos que culminaram na fundação de São Paulo com a ajuda de Bueno, autor da festejada série Terra Brasilis, que teve best-sellers como A Viagem do Descobrimento (mais de 200 mil exemplares vendidos). Bueno não só reexamina os fatos históricos, mas também costuma dar uma abordagem incomum, mais coloquial e menos tecnocrática, sobre esses fatos.

O projeto consiste basicamente em dois pontos: o banco vai mandar fazer 45 placas que serão instaladas nos principais pontos históricos da cidade, contando sua história e importância. Durante 24 horas, 40 fotógrafos famosos clicarão a cidade e essas fotos entrarão num livro sobre São Paulo, financiado pelo banco.

Entre os pontos da cidade pesquisados pelo escritor Bueno estão o Anhangabaú, a Rua Bela Vista, o próprio Pateo do Collegio e o Rio Tamanduateí, entre outros.

Eduardo Bueno conta que escolheu o dia 29 de agosto para anunciar seus planos por um motivo bem definido: foi em 29 de agosto de 1553, há exatamente 450 anos, que os padres jesuítas, chefiados por Manoel da Nóbrega, se reuniram pela primeira vez com os caciques tupiniquins Tibiriçá e Caiubi no alto da colina onde hoje se encontra o Pateo do Collegio.

Naquele encontro, os jesuítas lançaram as bases do colégio que daria origem à cidade, batizada em 25 de janeiro de 1554.

Bueno já se entusiasma ao notar que existe um forte simbolismo em algumas datas relacionadas à fundação de São Paulo. Ele considera que as datas cristãs foram selecionadas pelos jesuítas para facilitar o trabalho de catequização dos índios. Vinte e nove de agosto, por exemplo, é o dia da degolação de São João Batista, o ‘Anunciador de Cristo’. Vinte e cinco de janeiro, por seu turno, é o dia da Conversão de São Paulo, que ocorreu na estrada de Damasco.

A região na qual São Paulo nasceu já era ponto extremamente estratégico séculos antes da chegada dos europeus, observam os autores do projeto em texto de divulgação. ‘O chamado ‘Triângulo’, cujos lados eram delimitados pelo Rio Anhangabaú, Rio Tamanduateí e a zona atualmente ocupada pela Praça da Sé, marcava o entroncamento de importantes rotas pré-cabralinas, os chamados ‘peabirus’. O principal deles, batizado de ‘Caminho do Sertão’, se iniciava na atual Rua Direita, cruzava o Vale do Anhangabaú e, seguindo pelo leito das atuais Rua da Consolação e Avenida Rebouças, cruzava o Caaguaçu (ou ‘Mato Grosso’, na atual Avenida Paulista), seguindo direto até… Cuzco, no Peru.’

O Rio Anhangabaú, esclarece a pesquisa de Bueno, era um local sagrado, que só podia ser freqüentado pelos xamãs, ou pajés, que ali professavam ritos mágicos para garantir boas caçadas às tribos que viviam nos Campos de Piratininga. Embora o termo tenha sido traduzido pelos jesuítas como ‘Rio do Diabo’, Anhangá não era um demônio, mas uma espécie de duende protetor da caça.