Valor Econômico
O Banco Nossa Caixa quer dar um gás nas operações de crédito neste ano. O presidente do banco, Milton Luiz de Melo Santos, definiu essa como a principal estratégia para melhorar a rentabilidade da instituição.
Desde o saneamento da década de 90, o banco controlado pelo governo paulista acumula volumosa carteira de títulos públicos. Essa aplicação dava um bom retorno quando os juros eram elevados. A queda das taxas torna essa carteira cada vez menos atraente.
Ao final de setembro, a carteira de títulos e valores mobiliários da Nossa Caixa representava 58,9% dos ativos totais de R$ 46,5 bilhões. Já a carteira de crédito de R$ 8,6 bilhões apenas 18,6%.
Por outro lado, a Nossa Caixa tem fontes baratas de recursos. Dos R$ 28,8 bilhões em depósitos totais de setembro, 80,2% eram judiciais e de poupança, que custam pouco mais de 7% ao ano. “A Nossa Caixa é um banco muito líquido. O dinheiro queima na mão. E a estrutura é muito cara. Temos que maximizar o resultado para a estrutura que temos”, afirmou Melo Santos.
O primeiro passo para melhorar o retorno foi a conquista agressiva das contas dos 1,1 milhão de funcionários públicos do estado, que recebiam antes pelo Santander.
A Nossa Caixa está pagando ao governo um valor fixo trimestral de R$ 104,2 milhões ao longo dos cinco anos de duração do contrato de pagamento da folha e essa é uma das despesas que pressiona os resultados e exige maior retorno.
Com isso, a carteira total de clientes do banco atingiu 5,3 milhões de pessoas físicas. Aos poucos, esses clientes estão sendo fidelizados. Sinal disso foi o salto de das operações de consignado, que atingiram R$ 3,3 bilhões em setembro, com expansão de 42,1% em doze meses, formando quase metade da carteira de de crédito de pessoal física de R$ 6,7 bilhões.
Agora, a Nossa Caixa quer reforçar também a carteira de pessoas jurídicas, cujo saldo era de apenas R$ 1,9 bilhão em setembro, 11,2% a mais do que em igual mês de 2006. Com uma redistribuição de gerentes especializados no produto, a Nossa Caixa conseguiu ampliar em 13% o crédito para pessoa jurídica no último trimestre do ano, fazendo com que 2007 feche com expansão de 23% sobre 2006.
Mas Santos quer mais. Por isso, a Nossa Caixa contratou um dos mais experientes executivos da área, Cláudio de Oliveira Torres, que acaba de assumir a diretoria de crédito e riscos. Torres iniciou a carreira no Citibank , onde trabalhou 22 anos; foi também diretor do Real , Banorte e BMC. Foi também diretor de crédito da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban).
Um dos produtos fortes do crédito para empresas da Nossa Caixa é a conta garantida, que cresceu 28,3% nos 12 meses terminados em setembro. Mas, um dos projetos de Torres é alavancar as operações com os 300 mil fornecedores do governo estadual. São empresas que possuem contratos de fornecimento de médio e longo prazo com o governo, que podem ser usados como garantia do crédito, explicou. “Vamos trabalhar com a antecipação de contratos a performar”, afirmou.
Outra linha de atuação é o trabalho com os microempresários que gravitam ao redor das agências do banco.
A Nossa Caixa também pretende fazer acordos de cessão de carteira com cerca de meia dúzia de especialistas em consignado para rentabilizar o capital, mas sempre com coobrigação.
Melo Santos espera que o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito não iniba a demanda a ponto de prejudicar seus planos.
A Nossa Caixa teve lucro líquido de R$ 317,6 milhões nos primeiros nove meses de 2007, com um retorno sobre o patrimônio líquido médio de 15,7% em comparação com 22,8% em igual período. Os resultados foram afetados pelo reforço de provisões para cobrir demandas cíveis reclamando a correção dos planos econômicos Bresser, Verão e Collor nos depósitos.