Nossa Caixa intensifica corte de despesas

Valor Econômico - Segunda-feira, 22 de outubro de 2007

seg, 22/10/2007 - 14h05 | Do Portal do Governo

Valor Econômico

O Banco Nossa Caixa deslanchou um programa de redução dos gastos em paralelo ao esforço de aumentar as receitas para compensar as despesas com a compra da folha de pagamento dos servidores do Estado de São Paulo.

Somente uma primeira leva de iniciativas que incluem a renegociação de contratos de aluguel de agências e de fornecimento de serviços permitiu uma economia prevista em R$ 12,3 milhões neste ano, comemorou o presidente do banco, Milton Luiz de Melo Santos. A expectativa é que os mesmos itens proporcionem a redução de quase R$ 100 milhões em gastos em dois anos e meio.

Mas os esforços não vão parar por aí, disse Santos. A compra da folha de pagamentos paulista com 1,1 milhão de servidores custou ao banco R$ 2,084 bilhões, que serão amortizados ao longo dos 60 meses de vigência do contrato. O custo mensal é de R$ 34 milhões, calculou o presidente. O acordo foi assinado em 27 de março.

Essa despesa mais o aumento de 90,1% nos gastos com contingências de ações cíveis, relacionadas ao impacto de vários planos econômicos nos depósitos judiciais e de poupança, que somaram R$ 182,6 milhões no primeiro semestre, causaram um salto de 117% nas despesas operacionais da Nossa Caixa no primeiro semestre. Com isso, foi necessário ativar créditos tributários para que o lucro líquido do primeiro semestre crescesse 33% para R$ 385,5 milhões.

Por isso, o banco se debruçou sobre os gastos. Cumprindo decreto editado no início do ano pelo governo de José Serra, iniciou a revisão de todos contratos de fornecedores. Os primeiros foram os de aluguel. Afinal, a Nossa Caixa tem 844 imóveis alugados, dos mais variados portes, de postos de atendimento bancário (PABs) a 300 ocupados por agências. O trabalho começou no final do primeiro semestre. Já foram revistos 48 contratos, resultando em economia de R$ 11 milhões. “Começamos pelos grandes imóveis”, explicou Santos. Isso mais a revisão de contratos de fornecimento de serviços de telefonia e informática garantirão a economia de R$ 12,3 milhões neste ano.

Santos também espera economizar a cobertura de fraudes na internet com a distribuição de tabelas de senha (token) para 300 mil clientes; e com a racionalização das consultas à Serasa.

No mesmo estilo de garimpagem de resultados visível na renegociação dos contratos de aluguel, a Nossa Caixa está batalhando com sucesso a recuperação de créditos vencidos há mais de 360 dias e já baixados como prejuízo. De uma carteira de R$ 967 milhões, R$ 80 milhões foram recuperados com a oferta de descontos. Uma nova rodada de negociação será iniciada em novembro. “Isso é receita que entra na veia.”

Do lado da receita, a Nossa Caixa tem como meta ampliar a carteira de crédito acima do mercado. Se o crédito está crescendo ao redor de 20% na média, a meta da Nossa Caixa é avançar entre 30% e 35%. Mas, no primeiro semestre, a variação não fugiu muito da média e foi de 21,1%, levando a carteira à marca de R$ 8,2 bilhões.

Além disso, continua o esforço de fidelização dos novos clientes conquistados com a migração da folha de pagamentos dos servidores de São Paulo Segundo Santos, cerca de 20% a 22% dos recursos depositados como pagamento nas contas desses funcionários são remetidos para outros bancos, inclusive para o Santander, que administrava a folha até dezembro.

Para o presidente da Nossa Caixa, só o corpo-a-corpo com a clientela pode melhorar esses índices. Por isso, ele mesmo tem feito um trabalho de conscientização dos funcionários. A seu favor está o fato de o Santander estar “distraído” com a recente aquisição do ABN AMRO Real.

Em outra frente, o banco está ampliando a oferta de produtos. Neste semestre lançou uma parceria com a Rodobens, da qual já vendia consórcios imobiliários. Agora, os dois montaram um projeto de venda de 10 mil unidades residenciais em condomínios, em 4 anos, com valor médio de R$ 60 mil, totalizando R$ 600 milhões.

O projeto de lei do governo para destinar percentual dos depósitos judiciais a investimentos não preocupa Santos: “Será como mudar o dinheiro de bolso”.