Nossa Caixa aumenta lucro em 169%

Valor Econômico - Quinta-feira, 17 de novembro de 2005

qui, 17/11/2005 - 14h38 | Do Portal do Governo

Balanço

Excluindo ganhos não recorrentes, resultado cresceu 71,3%; banco amplia crédito consignado

Maria Christina Carvalho
De São Paulo

A Nossa Caixa teve um lucro líquido de R$ 172,3 milhões no terceiro trimestre, acumulando R$ 551,8 milhões nos nove primeiros meses do ano. O resultado é 169,2% superior ao de igual período de 2004, mas cerca de um terço dele – o equivalente a R$ 200 milhões – é fruto de receitas não recorrentes, que não se repetirão.

O diretor de finanças e relações com investidores, Rubens Sardenberg, não está preocupado. Sem os ganhos extraordinários, a Nossa Caixa teria tido um lucro líquido de R$ 351 milhões, ainda assim 71,3% superior ao do mesmo período de 2004. ‘Crescemos o crédito e a receita de tarifas de acordo com o projetado. Continuamos migrando a carteira de títulos para crédito comercial. Em nosso crescimento orgânico, um destaque é a expansão do crédito consignado’, disse Sardenberg.

Das receitas do banco, porém, 54% ainda provêm de títulos e valores mobiliários; o crédito fica com 32%; e as aplicações compulsórias, com 14%.

As ações ordinárias da Nossa Caixa, que abriu o capital há três semanas e se tornou o primeiro banco a ser negociado no Novo Mercado da Bovespa, caíram 3,25% para R$ 37,20, em um dia em que o índice Bovespa fechou com alta de 0,87%.

O principal impacto não recorrente do resultado é derivado da decisão do banco, tomada ainda no primeiro semestre, de reverter as provisões feitas para os créditos junto ao Fundo de Compensação das Variações Salariais (FCVS), que engordou o lucro em R$ 389,9 milhões brutos. O diretor de finanças explicou que as provisões foram revertidas porque a instituição não pretende vender esses créditos (ou títulos, quando eles forem validados pelo Tesouro Nacional) porque servem para cumprir a exigibilidade de financiamento habitacional. ‘A provisão era inútil e consumia capital’, explicou. As provisões só seriam necessárias para cobrir variações da marcação a mercado, caso os títulos fossem destinados à venda.

No terceiro trimestre, especificamente, o banco amortizou integralmente as despesas de R$ 35,5 milhões, derivadas do dissídio anual dos bancários, dos quais R$ 21,7 milhões referem-se a abonado não recorrente. Pagou ainda R$ 18,3 milhões em despesas com sistemas referentes ao convênio com o Tribunal de Justiça de São Paulo sobre depósitos judiciais, que totalizam R$ 9,9 bilhões.

A carteira de crédito da Nossa Caixa fechou setembro em R$ 5,9 bilhões, 28,8% acima de setembro de 2004. A carteira comercial, que exclui crédito imobiliário, rural e câmbio, deu um salto de 62,7%, sendo que as operações com pessoas físicas avançaram 36,9% para R$ 3,657 bilhões. Sardenberg chamou a atenção para a expansão de 50% do crédito consignado para R$ 1,8 bilhão. As despesas com provisões cresceram 42,4% para R$ 331,2 milhões em função do aumento da carteira. O saldo das provisões chegou a R$ 523,8 milhões, equivalente a 8,8% da carteira.

Do total de crédito, 78,3% estão classificados entre AA e C, em comparação com 89,7% do sistema financeiro, de acordo com dados do Banco Central (BC). A Nossa Caixa está adotando o sistema de credit scoring para substituir o critério de provisionamento por produto.

Depois da abertura de capital, em que o banco vendeu 28,75% do capital arrecadando R$ 953,9 milhões, a Nossa Caixa vai avançar em seu processo de reorganização.

O banco prepara-se para, no primeiro semestre de 2006, vender o controle da sua empresa de capitalização, a Nossa Caixa Capitalização, já autorizada pela Susep; e para a expansão da área de ramos elementares de seguros, que passa pela venda de planos de terceiros em suas agências.