No Ibirapuera, principal vedete é a nova pista

O Estado de S. Paulo - 12/6/2003

qui, 12/06/2003 - 10h08 | Do Portal do Governo

Heleni Felippe


O Estado de S. Paulo – 12 de junho de 2003

Os 700 atletas inscritos no torneio não vêem a hora de competir
nas instalações, de 1.º Mundo

A nova pista de atletismo do Estádio Ícaro de Castro Mello, no complexo esportivo do Ibirapuera, é a estrela do 22.º Troféu Brasil Caixa de Atletismo, de hoje a domingo. Por causa da pista, o torneio volta a São Paulo depois de uma ausência de 11 anos. O Troféu Brasil é a competição mais importante do País e vai reunir 700 atletas de 88 clubes, representando 16 Estados e o Distrito Federal.

Os 26 atletas já com índice para os Jogos Pan-Americanos de São Domingos, em agosto, incluindo a principal estrela da atualidade, Maurren Higa Maggi (salta domingo), disputam a competição, que também vale como seletiva. Os atletas têm até 29 de junho para conseguir índice para São Domingos e até 10 de agosto para obter vaga na elite brasileira que vai ao Mundial de Paris, também em agosto.

O campeão olímpico Joaquim Cruz, que está em São Paulo a convite da BM&F para acompanhar o Troféu Brasil, definiu a pista, ‘como de sonho’, que ele nunca teve quando competia no País. ‘Será uma competição bem emocional, decisiva para a vida e a temporada de muitos deles. Estão todos muito ansiosos, principalmente este ano, por causa da nova pista, da volta da prova para São Paulo, da possibilidade de obter índice. A expectativa é enorme’, afirmou o técnico Nélio Moura, de Maurren. A atleta voltou ontem da Grécia trazendo as três melhores marcas do mundo no salto em distância em 2003 (7,06 m, 6,95 m e 6,94 m) e já avisou o treinador que ‘quer saltar no Ibirapuera’.

Os atletas estão ansiosos por competir na pista nova, patrocinada pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (US$ 400 mil) no estádio que é do governo de São Paulo. Uma visita dos técnicos da Labor Sports, da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF), na semana passada, deu à pista o certificado classe 1, que implica uma série de padrões de qualidade. O piso, com 14 milímetros, é feito de manta de borracha natural, resistente tanto ao calor do Caribe quanto ao frio do Canadá, e com durabilidade entre 20 e 30 anos, segundo o técnico da empresa italiana Mondo, Nicoló Bagni. É o mesmo piso que equipou as pistas das últimas sete olimpíadas e será instalado no Estádio Olímpico de Atenas, para os Jogos de 2004.

A pista foi instalada pela empresa brasileira Playpiso, que refez a base asfáltica e a drenagem, além da colocação do piso, importado da fábrica da Mondo, no Canadá. ‘Podemos compará-la às melhores do mundo, como a de Paris, onde será o Mundial, em agosto’, disse Décio Chusid, lamentando que os organizadores do Pan de 2007, no Rio, tenham optado por outro piso. ‘É uma pena, mas acho que eles estão indo por um caminho diferente.’

Para Katsuiko Nakaya, técnico dos velocistas da BM&F Atletismo (equipe que tem 104 atletas e é considerada imbatível e favorita absoluta ao título do Troféu Brasil), ‘se o clima continuar bom, os resultados também serão bons’, prevendo a obtenção de alguns índices para o Pan e até para o Mundial.

Embora seja uma pista macia, que propicia o amortecimento e evita o trauma, Nakaya observa que também pode ser bem rápida, por ‘responder à passada, impulsionando de volta’. ‘Ela é reativa.’

Hoje, a programação prevê 26 provas, das 10 horas às 12h30 e das 14 horas às 18 horas. À tarde, serão disputadas dez finais, entre elas a dos 200 metros feminino (14h40) e masculino (14h55). O estádio de atletismo do Ibirapuera, considerado o templo do esporte, tem 12 mil lugares e a entrada para o evento é gratuita (pela Rua Abílio Soares, 1.300).