GIOVANNA BALOGH
Não são apenas os ambulantes, os prédios cinzentos e a correria das pessoas que integram o cenário do Centro de São Paulo. Ao lado do Pátio do Colégio existe uma área verde, muito bem aproveitada. Pés de alface, pimenta dedo-de-moça, almeirão, coentro e cebolinha são algumas das hortaliças plantadas numa horta cultivada por policiais militares em plena ladeira General Carneiro.
Só mesmo dos edifícios mais altos é possível ver a pequena horta criada há quase dois meses pelo soldado Almiro Eduardo Jesus, do 7º Batalhão da Polícia Militar.
O terreno aproveitado é onde está instalado o alojamento masculino da PM. Nesse local vivem mais de 40 policiais que são do Interior do Estado e trabalham na Capital. Nas horas de folga, muitos ajudam a regar e cultivar as mudas para passar mais rápido o tempo longe da família.
Quando o soldado Jesus não pode cuidar das plantas, outros colegas da corporação ajudam na tarefa de regar a horta duas vezes ao dia sempre de manhã e no final da tarde. Tudo o que é plantado na pequena horta é consumido nas refeições dos policiais.
‘A intenção é que todas as saladas e sobremesas servidas para os PMs daqui sejam feitas com as frutas e verduras plantadas aqui’, disse o cabo Cléber Coutinho Pereira, que é de Araraquara.
Apesar de morar com a família em Diadema, no Grande ABC, o soldado Jesus teve a idéia de montar a horta para matar um pouco da saudade que tem de Araçatuba, sua terra natal. ‘Resolvi plantar uma sementinha de feijão para ver se a terra era boa. Pegou tão bem que a cada dia plantava uma nova semente’, comentou Jesus.
Antes de o terreno ser ocupado pelo posto policial, menores infratores e mendigos viviam naquela área. Debaixo do viaduto da Rua Boa Vista também existe uma base comunitária.
Flores cercam o quartel
Além do alojamento, a sede da 1ª Companhia do 7º BPM/M também é toda rodeada por flores. Neste lugar a iniciativa foi da dona de casa Fabíola Borges, que mora num prédio vizinho.
Há dois anos, ela percebeu que poderia tornar o local mais agradável. Antes, aquele ponto servia de cesto de lixo por quem caminhava pela Praça Clóvis Bevilacqua.
Todos os dias Fabíola rega, planta e replanta, interessada apenas em embelezar a região perto de sua casa.
‘Meu trabalho é voluntário, compro as mudinhas e me dedico a elas. Fica lindo’, disse. ‘É muito gratificante esse contato com a natureza em pleno Centro de São Paulo’, comentou.
O tenente do Batalhão, Marcelo Takarabe, disse que as rosas chamam à atenção de quem passa pelo quartel.
‘Acho que é o maior jardim da região com mais de 250 roseiras’, afirmou o tenente. ‘É ótimo trabalhar e ouvir o canto dos pássaros que vêm aqui atraídos por esse jardim’, disse.