Nasce em Cunha a casa popular 1.0

Diário de S. Paulo - Domingo, 8 de junho de 2004

seg, 09/08/2004 - 9h36 | Do Portal do Governo

De concreto celular, custa de R$ 9,5 mil a R$ 13,5 mil

MOURA REIS

Um projeto piloto em implantação na cidade de Cunha, estância climática do Vale do Paraíba, a 222 quilômetros da Capital, pode abrir novas alternativas para a construção de casas populares no Brasil.

Desenvolvido pela ABCP, a Associação Brasileira de Cimento Portland, com o sugestivo título de Casa 1.0 – direta referência aos mais baratos modelos de automóvel popular – o projeto inova por unir a avançada técnica de paredes de concreto celular ao mutirão.

Conjunto em Cunha

O projeto piloto tem a forma de conjunto de 21 casas populares que está sendo construído por convênio entre a ABCP e a CDHU. Iniciado em julho, neste fim de semana pode ser visto por moradores e turistaas da Estação Climática de Cunha pois todas as casas – de 45 metros quadrados, com sala, dois quartos, cozinha e banheiro – já estão com suas paredes levantadas. Em regime de mutirão assistido, ou seja, supervisionado por engenheiros das duas entidades, os futuros moradores trabalham na fase de empena, o que significa a colocação da estrutura de apoio do telhado. O engenheiro Heros José Vieira, líder do núcleo de obras da Regional da CDHU no Vale do Paraíba, estima que o conjunto estará pronto até o final do ano.

O engenheiro Ronaldo Meyer, da ABCP, contou ao DIÁRIO que a base do projeto é o concreto celular, modalidade resultante da mistura de concreto (cimento, areia, pedra e água) com uma espuma especial que insere pequenas bolhas de ar no produto tradicional.

O segundo elemento fundamental no processo é constituído por conjuntos de fôrmas metálicas.

Na descrição de Meyer, a construção começa com o assentamento, em terreno com infra-estrutura, da base de concreto que servirá de fundação. Sobre esta base serão parafusadas as fôrmas metálicas. Em seguida, caminhão betoneira transfere o concreto para recipiente com a espuma especial. A espuma será misturada ao concreto, tornando-o celular, que será imediatamente transferido para as fôrmas. Este trabalho pode ser feito em um dia. No dia seguinte as fôrmas serão desparafusadas e retiradas. As paredes com espaços para instalações hidráulica e elétrica, portas e janelas, estarão prontas para receber o telhado, as louças do banheiro e o acabamento. Tarefa do mutirão dos futuros moradores.

Sem esconder o entusiasmo, Heros José Vieira define o projeto como ‘exponencial, pois agrega qualidade e conforto térmico e acústico aos conjuntos de casas populares, sem encarecer a construção’.

Os engenheiros da ABCP e CDHU estimam o custo final de cada casa de Cunha entre R$ 9,5 mil e R$ 13 mil.