Na Feirinha da Madrugada, todos podem comprar Gucci

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 30 de março

sex, 30/03/2007 - 11h56 | Do Portal do Governo

De O Estado de S.Paulo

Enquanto os clientes das lojas dos Jardins dormem, milhares de pessoas se acotovelam nas calçadas estreitas do Brás, na zona leste, em busca de alguns dos itens ostentados pelos milionários. Só que falsificados. Bolsas Gucci e Louis Vuitton, calças Diesel e camisetas Puma e Adidas são vendidas livremente na Feirinha da Madrugada, entre 4 horas e 7h30 da manhã.

Apesar de quase tudo ser contrabandeado ou pirateado, ninguém se esforça para esconder nada. Ao longo da Rua do Oriente e transversais, se espalham centenas de barracas comandadas por brasileiros, bolivianos e chineses.

Entre os compradores, há quem busque saciar os próprios desejos. Para esses, quanto maior o logotipo da marca, melhor. Os que compram várias peças têm desconto.

Qualquer um pode sair da Feirinha do Brás pronto para a balada sem gastar mais de R$ 86,00: a camiseta da Puma custa R$ 8,00; jaqueta da Adidas, R$ 35,00; calça da Diesel ou da Zoomp, R$ 20,00; pacotes com 12 pares de meia custam R$ 13,00. Também há acessórios, como carteira da Ellus, óculos da Mormaii e boné da Nike a R$ 5,00 cada um. Numa loja oficial da Diesel, só uma calça pode custar entre R$ 700,00 e R$ 1.270,00.

Os vendedores também oferecem grande variedade de perfumes, todos a R$ 10,00: Calvin Klein, Polo, Boticário e o tradicional Chanel Nº 5. Alguns admitem a falsificação; outros dizem que as fragrâncias têm algum problema de fábrica. Mas todos garantem 7 horas de fixação. A reportagem testou dois tipos: o primeiro perfume não durou na pele por meia hora. O outro agüentou mais tempo, mas o cheiro apenas lembra o original.

A bolsa preferida das mulheres, a francesa Louis Vuitton, é raridade na Feirinha da Madrugada. A reportagem encontrou algumas em apenas uma barraca, pela bagatela de R$ 140,00. Por R$ 40, dá para sair com uma Gucci ou uma Armani a tiracolo.

Pagando entre R$ 10,00 e R$ 15,00, os fãs de futebol podem encher o armário com camisas de Corinthians, Flamengo, São Paulo, e até de times estrangeiros.

E atenção ao comprar uma roupa da Adidas em uma loja da cidade, mesmo que aparente credibilidade. Você pode levar um artigo pirata vindo, adivinhe, da Feirinha da Madrugada. Há donos de lojas que pagam R$ 35,00 por uma jaqueta para revender por um valor cinco vezes maior.

Quem garante é o homem que pode se orgulhar do título de melhor falsificador do Brás. Suas jaquetas têm inclusive etiqueta de papel com informações sobre a tecnologia do tecido. O profissionalismo é tanto que ele tem até cartão.

Às 7h30, as barracas começam a ser desmontadas. Os clientes vão embora felizes com as roupas de marca que vão usar no fim de semana ou revender. Nessa hora os clientes do Shopping Iguatemi e das lojas da Oscar Freire acordam para trabalhar ou caminhar pelo Ibirapuera. Enquanto uma faceta da São Paulo real se põe, a São Paulo dos sonhos desperta para um novo dia.