‘Mutirão da Catarata’ atendeu 10 mil pessoas

Jornal da Tarde - São Paulo - Domingo, 20 de março de 2005

seg, 21/03/2005 - 8h40 | Do Portal do Governo

Rodrigo Gallo

Cerca de dez mil pessoas foram atendidas ontem durante o mutirão da catarata, promovido pelo Hospital das Clínicas, em São Paulo. Destinada a pessoas com mais de 50 anos, a campanha atraiu moradores de diversos pontos da Capital, que tiveram de improvisar para agüentar as longas horas de espera pelos exames de vista. Nos arredores do HC, valeu de tudo: de banquinhos para aguardar sentado, até a ajuda de parentes, que guardavam o lugar na fila.

Durante o mutirão, os pacientes passaram por uma bateria de dez exames de vista, para detectar a presença de catarata. ‘Quando constatada a necessidade de cirurgia, o paciente já vai para casa com a data agendada’, explicou o coordenador da campanha, Nilton Kara José Junior. Segundo ele, até o fim da tarde já havia mais de mil operações marcadas, e o número poderia dobrar até às 22h, horário previsto para o fim dos atendimentos.

Nas filas, os pacientes compartilhavam as histórias da ‘viagem’ até o Hospital das Clínicas uns com os outros. ‘Pelo Senhor do Bonfim, viajei duas horas e nunca chega a minha vez’, desabafou uma aposentada.

Além dela, vários outros idosos enfrentaram horas dentro da condução para chegar ao HC antes das 7h, quando o atendimento começou. A pensionista Isabel da Silva Lima, 57 anos, saiu de casa, no Itaim Paulista, Zona Leste, às 4h30 e, acompanhada de uma vizinha, pegou três metrôs e mais um ônibus para chegar ao hospital por volta das 6h30. Pouco antes do meio-dia ela ainda esperava para ser atendida. ‘Tem que tomar bastante suco de maracujá para não perder a paciência’, brincou.

Isabel contava com a ajuda da vizinha Tânia para guardar o lugar na fila, assim como fez a família de Maria Deolinda Jacinto Silva, 70 anos, que estava acompanhada de filhos, neta e até do genro. ‘Eles estão aqui para que eu possa ficar sentada esperando.’
Por conta do grande número de pacientes que compareceram ao mutirão de ontem, a previsão dos organizadores era de que o atendimento só terminasse por volta das 22h.

Amizade na fila de espera

Embora as pessoas tivessem que passar longas horas na fila pelo atendimento, algumas encontraram vantagens nisso. É o caso de Maria Alves Monteiro, 76 anos, de Vila Nova Cachoeirinha, e Magnólia Soares Silva, 78 anos, de Campo Limpo. Elas se conheceram na fila, por volta das 7h, e proseavam embaixo de uma sombra enquanto as filhas guardavam lugar. ‘Como não conseguirei fazer o almoço hoje, vou ficar aqui mesmo, conversando. Pelo menos passo um dia diferente e ainda serei consultada’, contou Maria.

A amiga não estava tão empolgada. ‘Da próxima vez, espero que façam a campanha em outros hospitais também.’