Mutirão aceitará pedido de médico particular

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 9 de março de 2007

sex, 09/03/2007 - 12h07 | Do Portal do Governo

De O Estado de S.Paulo

Os mutirões de mamografia e de exames de papanicolau realizados pelo governo de São Paulo agora aceitarão os pedidos feitos por médicos particulares. Até agora, esses exames só eram realizados com o pedido de um médico da rede pública de saúde. Em laboratórios comerciais da cidade de São Paulo, a mamografia custa em média R$ 260; e o papanicolau, R$ 135.

A novidade está no pacote de saúde feminina lançado pelo governador José Serra (PSDB) anteontem, que inclui ainda a distribuição de pílulas do dia seguinte e a realização de cirurgias de esterilização, entre outras medidas.

A mamografia tem como objetivo detectar o câncer de mama; e o papanicolau, o câncer de útero. O mutirão de mamografia ocorrerá num fim de semana da primeira quinzena de maio e num fim de semana de novembro. A média, com base em mutirões anteriores de mamografia, é de 75 mil mulheres atendidas em cada dia. Os exames de papanicolau serão realizados num fim de semana de novembro.

Os mutirões agora serão feitos com hora marcada, para que não haja filas. Segundo o governo, clínicas e laboratórios particulares conveniados participarão dos mutirões.

A Secretaria de Estado da Saúde divulgará nas próximas semanas as datas exatas e as informações sobre como as mulheres poderão marcar os exames. Só com as mamografias, deverão ser gastos cerca de R$ 6 milhões.

PÍLULA DO DIA SEGUINTE

A iniciativa do governo paulista de distribuir a pílula do dia seguinte – que já é encontrada nos postos de saúde mantidos pelas prefeituras com a ajuda do governo federal – foi elogiada pela demógrafa Elza Berquó, da Academia Brasileira de Ciência e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

‘É um avanço muito grande, principalmente se considerarmos a posição retrógrada da Igreja, que acha que a pílula do dia seguinte é um método abortivo’, afirma ela.

Como outro problema, a demógrafa citou os meios de comunicação, que segundo ela evitam falar desse método contraceptivo. ‘As mulheres das classes média e alta sabem que existe esse método, mas não as das classes menos favorecidas. A pílula do dia seguinte é uma grande conquista na regulação da fecundidade, mas é muito pouco divulgada. Não se toca no assunto.’

O governo de São Paulo pretende distribuir anualmente, a partir de junho, 20 mil cartelas da pílula do dia seguinte em todo o Estado, além de 5 milhões de cartelas da pílula anticoncepcional comum.

LULA

Anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso em que criticou a Igreja Católica por ser contra o uso da camisinha como forma de evitar a gravidez precoce e a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, como a aids. Lula falou que é hipocrisia deixar de debater a sexualidade sob o argumento de que ‘a Igreja não gosta’. A conseqüência disso, afirmou, são meninas grávidas.

A Igreja se manteve em silêncio. O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Odilo Scherer, disse que não comentaria a fala do presidente ‘para não parecer um confronto desnecessário’.