Museu Paulista traz ao público peças nunca vistas

O Estado de S. Paulo - São Paulo - Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2005

sex, 11/02/2005 - 8h32 | Do Portal do Governo

Exposição de busto feito por Rodin inaugura o projeto da instituição

Camila Molina

Há cerca de 40 anos um busto em gesso feito pelo célebre Auguste Rodin foi doado para o Museu Paulista – popularmente conhecido como Museu do Ipiranga – e desde então ficou lá escondido na sua chamada reserva técnica, nunca foi exposto, como disse a diretora da instituição, Eni de Mesquita Samara. Além de ser uma obra de um dos maiores escultores, a peça é curiosa porque pertencia a Santos Dumont. A escultura, busto do escritor Victor Hugo, foi um presente do artista ao brasileiro e traz uma dedicatória em sua parte traseira: ‘A Monsieur Santos Dumont. A. Rodin, 1903.’

Assim como essa peça, o Museu Paulista guarda muitas outras curiosidades, preciosidades. Por isso, a partir de hoje, a instituição começa um novo projeto, o Museu Oculto, que tem como princípio colocar em destaque durante um mês uma obra ou fazer uma exposição com peças que nunca são expostas. ‘As pessoas imaginam que só há no museu aquilo que está exposto, já disseram até que ele tem um acervo pobre. De alguns setores da coleção, não mostramos nem um décimo do que está na reserva técnica. Apesar da arquitetura muito grande, nem toda área do museu é expositiva’, diz Eni Samara. Para inaugurar o projeto, a peça escolhida foi justamente o Rodin do Museu Paulista, que ficará no hall de entrada do prédio. O nome do escultor francês é conhecido do público e por esse apelo – lógico, além da qualidade artística – foi selecionada.

Ainda não se sabe qual será a próxima obra, mas a diretora cita outras peças interessantes como o vestido da Marquesa de Santos – que está sendo restaurado – e as coleções de brinquedos e indumentária. O projeto, para ser permanente, pode se expandir, como afirma Eni, e comportará exposições temáticas nas galerias do museu – uma idéia inicial é fazer coincidir com datas comemorativas – e, talvez, organizar ciclos de palestras para o público. Mas são ainda idéias.

O projeto Museu Oculto faz parte do programa de revitalização do Museu Paulista, que funciona como unidade da Universidade de São Paulo (USP) desde 1963. ‘Queremos torná-lo um museu mais atraente, chamar a atenção para seu acervo’, afirma a diretora no cargo há um ano. Segundo ela, a visitação anual cresceu nesse último período, foi de 340 mil visitantes para 359 mil em 2004.

Além da vontade de trazer à tona a coleção inexplorada, há ainda a preocupação em aumentar a área expositiva do museu. Como Eni afirmou ao Estado em março do ano passado, a melhor solução seria construir um anexo. Mas, agora, ela afirma que a construção não é possível. ‘Toda a área não é da USP, só do prédio até o fim da escadaria.’ O Parque da Independência, onde está instalado o histórico edifício do século 19, é dos domínios da prefeitura. ‘O ideal é encontrar um prédio nas imediações do museu, onde funcionaria a reserva técnica e a parte administrativa.’