Museu da Língua Portuguesa ”invade” a Estação da Luz

O Estado de S. Paulo

qui, 08/10/2009 - 7h49 | Do Portal do Governo

Mostra da instituição ficará em espaço por onde circulam 400 mil pessoas por dia 

Uma instituição que não se encerra em suas portas; abraça o entorno. É o que pretende ser o badalado Museu da Língua Portuguesa a partir de hoje, com a abertura da exposição multimídia Omistériootempoempoesias, do artista plástico mineiro Cacau Brasil. Pela primeira vez, um evento do museu – correalizado por Cooperativa Cultural Brasileira, Poiesis e Toca Brasil – acontecerá fora de seu prédio. Bem pertinho, aliás. A mostra poderá ser conferida, até 25 de janeiro, pelas 400 mil pessoas que circulam diariamente pela Estação da Luz. 

Transformada em túnel, uma das três passarelas da estação terá poesia, pintura, música, teatro e vídeo. Ao longo do percurso de 34 metros, o visitante encontrará 15 painéis, nos quais a poesia é sugerida por meio de signos inscritos com cores metálicas. “Espero que a arte seja uma descoberta para o público”, vislumbra Brasil. 

Textos poéticos estampam placas de acrílico e a experiência multimídia será enriquecida com sons, melodias e uma videoinstalação. “Quero sensibilizar, criar uma vivência”, deseja ele. 

Para completar, o público poderá assistir a uma performance cênica com cerca de 25 minutos de duração – de quartas a sextas, às 11h e às 13h; aos sábados e domingos, às 11h, às 12h, às 14h e às 15h – realizada por quatro atores e quatro músicos. “Preocupamo-nos em fazer uma ligação da mostra com o espaço arquitetônico da estação”, explica o ator Alexandre Roit, diretor teatral da exposição. “Essa ocupação certamente vai propor um novo olhar para o ambiente, uma nova luz para a Luz.” 

Se depender da vontade dos diretores do Museu da Língua Portuguesa, Omistériootempoempoesias deve ser apenas o primeiro de muitos outros eventos organizados fora do espaço físico da instituição – que, sucesso de público, recebe uma média de mais de mil visitantes por dia. “Desde a concepção do museu, sonhamos com a ideia de que ele tivesse uma relação próxima com as pessoas que passam pela Luz”, diz o poeta e crítico literário Frederico Barbosa, diretor da Poiesis – organização que administra a instituição. “Queremos que o museu “saia para fora” dele.” 

História 

A montagem da mostra é resultado de mais de dois anos de “maturação” – como conta Cacau Brasil. Ele havia realizado duas intervenções similares em Fortaleza (CE), onde mora. Uma delas, em uma galeria de arte; a outra, em uma unidade do Sesc. “Então recebi o convite do Museu da Língua Portuguesa e foi um longo tempo para conseguirmos viabilizar o projeto aqui em São Paulo”, lembra ele, citando que foram necessários inúmeros estudos e autorizações. 

Posta em prática, concretizou o sonho antigo de expandir o museu para além de seus limites. “Desde a inauguração (da instituição), já pensávamos em levar eventos para fora”, confirma Antonio Carlos Sartini, superintendente do Museu da Língua Portuguesa. “Costumo brincar que o Cacau está sendo nossa cobaia.” 

Uma cobaia sob medida, vale lembrar. Sartini frisa que, quando viu a montagem original do artista, em Fortaleza, teve a sensação de que era exatamente o que ele precisava para experimentar o espaço físico exterior ao museu. “Se o desafio era sair das nossas quatro paredes, uma instalação assim, sensorial, cumpre bem os objetivos”, explica. “A mostra traz uma mistura interessante de experiências e seu resultado tem tudo a ver com a proposta de nosso museu.”