Museu da Língua Portuguesa atrai patrocínio

Valor Econômico - Sexta-feira, 4 de julho de 2008

sex, 04/07/2008 - 10h54 | Do Portal do Governo

Valor Econômico

O Museu da Língua Portuguesa, criado há pouco mais de dois anos e com o respeitável número, até agora, de 1,2 milhão de visitantes, começa a conciliar receita e despesas e já desperta o interesse de patrocinadores.

Do público total, cerca de metade não paga (a entrada é gratuita para professores da rede pública, crianças, idosos e aos sábados) e a outra parte desembolsa apenas R$ 4, menos de um terço do valor cobrado no MASP, o maior da América Latina e envolto novamente em séria crise financeira.

Ainda assim, o volume arrecadado na bilheteria do Museu da Língua Portuguesa tem sido o suficiente para pagar o investimento feito em exposições. As mostras de Clarice Lispector e Gilberto Freyre, por exemplo, demandaram recursos de R$ 900 mil e o montante arrecadado na bilheteria somou aproximadamente R$ 950 mil.

No próximo dia 15, o Museu da Língua Portuguesa abre as suas portas para uma exposição sobre Machado de Assis, que promete ser outro blockbuster de bilheteria. “Uma das nossas estratégias é intercalar personalidades famosas e outras menos conhecidas do grande público”, explicou Antonio Carlos Sartini, superintendente geral do Museu da Língua Portuguesa. O investimento para a mostra do autor de ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, dentre outros clássicos, é de cerca de R$ 800 mil. Como nas demais exposições do museu, essa mostra também contará com ações interativas, que tanto têm agradado o público. Desta vez, será montada uma grande biblioteca onde o visitante poderá retirar das prateleiras um livro – impresso especialmente para a mostra – e levá-lo para casa.

Essa ação também marca o primeiro patrocínio para uma exposição do Museu da Língua Portuguesa. A impressão dos livros com 36 páginas, catálogos, convites e folders sobre a mostra de Machado de Assis será feita pela Editora Imprensa Oficial, casa editorial criada em 2003 e pertencente à Imprensa Oficial do governo do Estado de São Paulo. “Serão impressos inicialmente 200 mil livros e mais 50 mil catálogos da exposição. O valor do patrocínio soma R$ 180 mil”, explicou Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial. No ano passado, a Editora lançou 60 títulos e registrou faturamento de R$ 1,1 milhão.

Um dos projetos do Museu da Língua Portuguesa é formar parcerias com a iniciativa privada seja para suas mostras como para o próprio empreendimento. Nos próximos quatro meses, Sartini planeja abrir um café e uma loja de suvenires com a logomarca do Museu. “Acabamos de abrir aqui dentro do museu uma loja da Editora Imprensa Oficial e a idéia é ter também um café e uma butique, que serão terceirizados”, explica Sartini.

Apesar de ser desprovido de um acervo valioso, segundo o próprio Sartini, o museu tem gerado interesse da iniciativa privada para patrocínios. O superintendente está em negociações adiantadas com duas empresas francesas para a realização de uma exposição sobre o Ano da França no Brasil, que acontece em 2009, e com mais duas companhias de tecnologia para a criação de uma sala de jogos educativos por meio de computadores, cujos nomes ele prefere não revelar neste momento. “Acredito que não teremos dificuldade para captar patrocínio daqui para frente”, diz o superintendente – um depoimento corajoso, levando-se em consideração o desinteresse das empresas pelos museus. Pesquisa feita com 86 companhias realizada pela Significa, consultoria especializada em marketing cultural, revela que uma pequena fatia, de 15%, das empresas instaladas no Brasil patrocina museus. A música popular atrai 48% delas.

Fruto de um investimento de R$ 37 milhões, sendo R$ 6 milhões provenientes dos cofres do governo paulista e o restante de patrocinadores como IBM, Votorantim, Petrobras e Fundação Roberto Marinho, entre outros, o Museu da Língua Portuguesa tem um custo anual de R$ 6 milhões – gasto este bancado pelo governo estadual.