Museu abriga a história das artes gráficas

O Estado de S. Paulo - 16/12/2002

seg, 16/12/2002 - 10h49 | Do Portal do Governo

Com inauguração hoje, espaço reúne mais de 10 mil originais de 170 artistas nacionais

Há mais de 20 anos, o cartunista Gualberto Costa, o Gual, busca apoio do governo para montar um museu que abrigue a história dos quadrinhos nacionais. Sua persistência será premiada hoje, às 19 horas, quando será inaugurado o Museu das Artes Gráficas do Brasil, no prédio do Arquivo do Estado, no bairro de Santana, com a presença do Secretário Estadual da Cultura, Marcos Mendonça. Quando abrir suas portas, o museu figurará em uma célebre lista: no mundo, existem apenas outros 83 com um acervo similar.

São mais de 10 mil originais de cartuns, charges, caricaturas e histórias em quadrinhos de 170 artistas, todos doados por seus criadores, que estarão conservados em local adequado. ‘Trata-se da melhor garantia que um artista pode ter, pois é o único espaço no Brasil com tecnologia de restauro e conservação de papel’, comenta Gual.

A inauguração vai marcar também a abertura da exposição dos originais do cartunista Laerte. Foram convidados ainda dez artistas de diferentes regiões do País, que vão apresentar seus trabalhos: Laílson (PE), Fred (PB), Rodrigo Rosa (RS), Jô Oliveira (DF), Nicoliello (MS), Telma (PR), Klevisson (CE), Lelis (MG), Biratan (PA) e Zappa (ES), que recentemente participou da Mostra Internacional de Humor Gráfico, em Alcalá de Henares, na Espanha. ‘É importante existir um lugar que preserve nosso trabalho’, comenta Zappa, que recentemente lançou seu quarto livro de quadrinhos.

Os originais não estarão disponíveis para a consulta pública. ‘Como o manuseio pode danificar o trabalho, vamos providenciar uma cópia de cada um, que estará disponível’, disse a diretora do museu, Daniela Rangel Baptista.

‘Mas tudo vai depender do apoio de patrocinadores para viabilizar o projeto.’

Assim, além das exposições que estarão em cartaz, o museu programa uma série de atividades para atrair público. Uma delas é a criação de um hall da fama – semanalmente um artista gráfico vai contar detalhes de seu trabalho e, no final, vai mergulhar as mãos no cimento. ‘Queremos preservar também a ‘ferramenta’ de trabalho de cada um’, brinca Daniela.

Para aumentar o acervo, Gual e Daniela pretendem contatar os herdeiros de artistas que já morreram para comprar seus originais. ‘Mas não vamos apresentar propostas’, adianta Daniela. ‘Esperamos que os familiares peçam o que consideram um valor justo.’

Além dos documentos, o museu, que terá visitas monitoradas para escolas, vai oferecer ainda uma biblioteca com 12 mil publicações, uma livraria especializada, além de promover cursos profissionalizantes e noites de lançamentos e autógrafos. ‘Será o grande ponto de encontro dos artistas gráficos’, comenta Daniela.

Serviço:
Museu de Artes Gráficas do Brasil. Segunda às 19 horas. Arquivo do Estado. Rua Voluntários da Pátria, 596, tel.6221-4785

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