Mulheres incentivam homens a procurar médico

Jornal da Tarde

sex, 11/09/2009 - 8h56 | Do Portal do Governo

A insatisfação das mulheres deixou a roda de conversas femininas e chegou à ação. Agora, elas não apenas se queixam do desempenho deles na cama, mas, quando notam algo errado, os fazem procurar ajuda médica. 

Foi o que mostrou levantamento do Hospital das Clínicas da USP e da Secretaria de Estado da Saúde: 30% dos homens que procuraram tratamento no Ambulatório de Sexualidade do setor de Urologia do Instituto Central do HC o fizeram por exigência das mulheres ou namoradas. 

Segundo o coordenador do ambulatório, Joaquim Claro, o resultado da pesquisa é reflexo das mudanças ocorridas no comportamento feminino nas últimas décadas – algo positivo, ressalte-se. “A mulher hoje tem meios de comparação, já teve outras experiencias”, diz o urologista. “E tem abertura para comentar isso (o desempenho sexual) com o marido ou namorado.”

O especialista afirma que os homens também mudaram. Antes avessos a qualquer tipo de crítica, agora aceitam a realidade: podem falhar. “Eles passaram, espontaneamente, a aceitar com normalidade comentários e críticas femininas e, por isso, vão ao médico (quando têm necessidade).”

Psicóloga e especialista em sexualidade, Giovanna Lucchesi diz que, hoje, os casais procuram melhorar a vida sexual – dos dois. O que não pode haver, segundo ela, é cobrança por um melhor desempenho. “Tem de haver incentivo.” 

O urologista do HC explica que a cobrança provoca ansiedade, que se materializa pela adrenalina, que entra na corrente sanguínea e piora o problema da disfunção erétil (queixa de 55% dos homens que participaram do estudo). “A adrenalina provoca vasoconstrição, impedindo o sangue de chegar de forma adequada ao pênis e provoca a retração do músculo cavernoso”, explica Claro. “Dificulta, de duas formas, uma ereção adequada.” 

Segundo o urologista, porém, são poucos os casos em que as mulheres cobram de forma exagerada melhor desempenho dos homens. “A maioria dos homens tem companheiras altamente compreensivas que colaboram com o tratamento.” 

Claro explica que, entre os mais jovens, a disfunção erétil é provocada por ansiedade. “Ele quer mostrar que é um homem completo e acaba tendo tanta ansiedade que o nível de adrenalina sobe.” Nesse caso, o tratamento é feito com base em remédios que melhorem a ereção e, se o problema continuar, terapia. Entre os mais velhos (com mais de 55 anos), o problema é causado por doenças como a diabetes, doenças cardíacas e hipertensão. O tratamento é feito com remédios mais fortes, injeções penianas e prótese.