Motociclista amador é principal vítima de acidente

Jornal da Tarde

qua, 23/06/2010 - 8h03 | Do Portal do Governo

Pesquisa recém-divulgada pelo Hospital das Clínicas (HC) derruba o mito de que os motoboys são as principais vítimas de acidentes sobre duas rodas. De acordo com o levantamento, 67% dos pacientes que se envolveram em acidentes de moto e foram atendidos no Instituto de Ortopedia do HC são motociclistas que usam esse veículo somente como meio de transporte e não profissionalmente.

A pesquisa acompanhou, durante seis meses, os pacientes que precisaram de internação no instituto. Foram 84 pessoas. Em 2004, 51% dos pacientes nessa situação eram motoboys. No novo estudo, produzido entre maio e novembro do ano passado e divulgado nesta segunda-feira, 21, somente 33% das vítimas usavam a moto como ferramenta de trabalho.

“Em 2004, 30% deles (dos acidentados) recebiam até um salário mínimo. Agora, 37% recebem mais de quatro salários”, comenta uma das coordenadoras do estudo, a assistente social Kátia Campos dos Anjos.

“Os pacientes – pessoas que iam casar, que estudavam – tiveram de mudar totalmente de vida”, diz Kátia. “A renda familiar cai, porque ele (acidentado) fica impossibilitado de trabalhar. Por outro lado, o custo de vida sobe, especialmente com gasolina e estacionamento, uma vez que o paciente sofre dificuldades para usar transporte público”, afirma. Em média, essas pessoas ficam 18 meses internadas.

Outra mudança é o índice de mulheres envolvidas em acidentes, que dobrou. Segundo Kátia, na pesquisa de 2004, elas eram 5% das vítimas. Agora, são 10%. “Boa parte estava na garupa”, afirma.

Atualmente, há cerca de 800 mil motos emplacadas na cidade, segundo dados do Detran (em 2004 eram 470 mil). A estimativa é de que sejam 200 mil motoboys trabalhando na cidade.

Orientação

Para o presidente da Federação dos Motoclubes do Estado de São Paulo, Reinaldo de Carvalho, os cidadãos têm usado motos para fugir do trânsito, mas não recebem orientação adequada para isso.

“A educação do trânsito deveria ser aplicada nos ensinos fundamental e médio. É o artigo 37 do Código de Trânsito Brasileiro. As pessoas não sabem fazer curvas, passam com as motos pela faixa de pedestres, que tem tinta que derrapa”, exemplifica.