Mostra busca ver a atualidade da obra de Matisse

Folha de S.Paulo - Segunda-feira, 7 de julho de 2008

seg, 07/07/2008 - 10h03 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Setembro de 2009 parece longe, mas Emilie Ovaere tenta ganhar tempo. Há dois meses a curadora do Museu Matisse em Le Cateau-Cambrésis -cidade de nascimento do pintor a 200 km de Paris- começa a organizar a mostra que trará ao Brasil no ano que vem, prevista para ocupar as seis salas temporárias da Pinacoteca.

A Folha teve acesso ao projeto da exposição, pensada como principal evento de artes plásticas do ano da França no Brasil. A idéia é de que estejam reunidas cerca de 40 obras do pintor (1869-1954), expoente maior do fauvismo: 15 telas, duas esculturas, duas serigrafias sobre tecido. Gravuras, desenhos, fotos e livros ilustrados completarão o conjunto.

“Não teremos quadros suficientes para uma verdadeira retrospectiva, mas pretendo montar uma exposição que seja bastante didática, com as obras agrupadas tanto pela cronologia quanto pela temática”, adianta Ovaere, que visitou São Paulo no início de maio para conhecer o espaço.

O projeto prevê a organização das salas a partir de grandes temas emblemáticos: a paisagem, a natureza-morta, mulheres em interiores, o desenho e os papéis cortados (“recortar a cru na cor me faz lembrar o talhe direto dos escultores”, escreveu). Dentro dessa divisão, cada tema será tratado de maneira cronológica, procurando enfatizar os principais temas da pesquisa plástica de Matisse: a cor, o espaço arabesco.

“O Marcelo [Araujo, diretor da Pinacoteca] manifestou o desejo de abrigar uma exposição do Matisse e a CulturesFrance [braço do Ministério das Relações Exteriores francês que coordena o Ano da França no Brasil] indicou o nosso museu para uma parceria”, conta a curadora.

Cerca de 15 telas serão emprestadas pelo Centre Georges Pompidou. É o caso, por exemplo, de “Nature Morte au Magnolia”, de 1941. Do museu em Le Cateau está confirmada a ida de duas serigrafias -“D’Océanie, La Mer” e “D’Océanie, Le Ciel”-, ambas de 1946 e as pranchas do livro ilustrado “Jazz”, editado em 1947.

“Mas, é preciso dizer, muita coisa está em andamento”, diz Ovaere. “Tenho uma reunião marcada na Bibliothèque Nationale de France, que possui um conjunto enorme de gravuras, mas ainda não sei exatamente o que será levado ao Brasil”. Coleções particulares francesas e brasileiras também emprestarão obras. A curadora foi informada pela reportagem da Folha sobre o recente roubo de obras na Pinacoteca, mas preferiu não comentar o tema.

Contemporâneos

Além das obras do mestre moderno, serão apresentadas obras e instalações de seis contemporâneos -franceses ou ligados à França- que de algum modo dialogam com a produção matissiana, repensando o uso da cor pura e os motivos decorativos. Vem daí o título que foi dado à mostra: “Matisse Aujourd’hui” (Matisse hoje).

Estarão presentes trabalhos do argelino Adel Abdessemed, que participou este ano de outra mostra no Brasil, e os franceses Christophe Cuzin, Cécile Bart, Frédérique Lucien, Pierre Mabille e Philippe Richard.

O projeto ainda prevê a apresentação do filme de François Campaux e das fotografias de Henri Cartier-Bresson e Man Ray, que mostram Matisse em ação, no seu ateliê.