A CDHU está removendo 87 famílias da ocupação irregular para um novo condomínio
CAMILLA HADDAD
A emoção vivida ontem pela família de Ozerina dos Santos, de 30 anos, não será esquecida. A data marcou a troca de um barraco na favela Jardim Brasília, na zona norte, por um apartamento em Cidade Tiradentes, na zona leste. A mudança foi feita pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) que está retirando, até hoje, 87 famílias da favela.
A remoção começou na segunda-feira. Os barracos foram erguidos em um terreno da companhia, perto do Córrego da Onça. Por volta das 11h30 de ontem, Ozerina observava pela última vez o barraco construído por ela há dois anos.
‘Morava de aluguel e, como não pude mais pagar, vim para esta ocupação’.
Ela e os filhos, Onofrízia, de 14 anos, e Mateus, de 4, foram em uma Kombi da CDHU até o conjunto Iguatemi, 45 quilômetros distante da favela.
Estavam ansiosos para pegar as chaves.
Duas horas depois, Ozerina pôde abrir a porta do apartamento número 14, no segundo andar. ‘É lindo, é lindo!’, dizia ao rapaz da manutenção do prédio. A única lamentação foi a regra de não poder pendurar roupas no lado de fora do imóvel. ‘Mas nem o cobertor?’
Apesar da felicidade de ter saneamento básico, luz regular e um teto de verdade, Ozerina lembrou o quanto custou sair da favela. ‘Perdi meu emprego de ajudante de cozinha porque minha patroa não pode pagar tanta passagem para chegar na zona leste’. Segundo ela, o salário era fixo de R$ 260,00 por mês.
As 87 famílias vão morar em apartamentos de dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O novo endereço tem playground e porteiros. A proposta da CDHU é que nos primeiros seis meses as pessoas fiquem isentas do pagamento das parcelas do imóvel, de cerca de R$ 39,00. Condomínio e luz serão cobrados após dois meses.