Metrô tem anjo da guarda eletrônico por toda parte

Jornal da Tarde - Informática - Quinta-feira, 29 de abril de 2004

qui, 29/04/2004 - 11h26 | Do Portal do Governo

Conheça o Centro de Controle Operacional do Metrô, que parece saído de um filme de ficção científica e garante todo o funcionamento e segurança do sistema

FABIANO CANDIDO

Telões, computadores, teclados, botões, telefones e rádios. Esse é o cenário do cérebro de um sistema que transporta cerca de 2,4 milhões de passageiros diariamente: a Companhia do Metropolitano de São Paulo, o popular Metrô.

Nesse ambiente, que lembra o visual futurista das naves da série Jornada nas Estrelas, não há nenhum Dr. Spock no controle. Quem comanda o sistema é uma equipe de operadores – afiados com a tecnologia que garante a segurança e o conforto de um dos mais eficientes metrôs do mundo.

Esse grupo – composto de 75 profissionais – trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana na operação dos computadores e softwares de controle do sistema. Eles ficam de olho nos telões (com imagens das estações) e num mapa que mostra os trilhos e as composições que passeiam sobre os quatro ramais paulistanos (Linha 1 Azul – Norte-Sul, Linha 2 Verde – Paulista, Linha 3 Vermelha – Leste-Oeste e Linha 5 – Capão Redondo).

Assim, registram e fazem parte de tudo o que acontece. De lá, vêem pelos telões o que acontece nas dependências do sistema – quantas pessoas passam pelas catracas, quem entra e sai das estações – e, até, controlam as redes de energia e as composições. ‘Se for necessário, podemos parar o trem onde ele está e abrir as portas’, revela Avivaldi Ferraioli, coordenador de operações do Centro de Controle Operacional (CCO) do Metrô.

Controle de trens

Nessa parafernália toda de segurança, o destaque é o sistema de Controle de Trens. Para controlar as composições, há um sensor a cada 170 metros de trilho. Eles fazem a leitura técnica e a enviam para as telas dos computadores do CCO. ‘Com essas informações, calculamos a velocidade ideal para que não haja riscos. Além disso, definimos os intervalos de parada nas estações – 100 segundos (1 minuto e 40 segundos), em média’, explica Ferraioli.

Se um trem parar por problemas técnicos ou falta de energia, os computadores do CCO são avisados. E enviam, imediatamente, alarmes visual e sonoro para os telões. ‘É muito raro acontecer uma avaria – a manutenção é minuciosa. Se ocorrer, temos de chamar os técnicos rapidamente’, conta.

Esse aplicativo foi elaborado para diminuir os riscos. ‘Se um blecaute afetar o País e o sistema sofrer uma avaria, as composições param imediatamente. Isso mantém a integridade do sistema.’

Com tantos sistemas de segurança e controle, você deve se perguntar: é necessária a presença de um condutor em cada trem? Fernando Martins, engenheiro de Projetos do Metrô, tem a resposta. ‘Apesar de 100% seguras, as máquinas podem falhar ou sofrer uma pane.’ Além disso, lá embaixo, nos túneis, os condutores agem em situações de emergência. ‘Eles são nossos olhos e mãos: se houver uma anormalidade, eles seguram o trem até que ela seja resolvida’, diz.

Táticas para garantir a viagem

Quando chove, os operadores do Centro de Controle Operacional (CCO) acionam um plano de segurança para evitar acidentes. Um comando automático faz as composições andarem com velocidade até 29% inferior à média normal, de 80 km/h. ‘Alguns trechos não são subterrâneos. Nesses locais, é preciso passar com cautela, já que a via fica molhada e com pouca aderência’, destaca Fernando Martins, engenheiro de Projetos do Metrô.

Quando essa medida é adotada, as estações tendem a ficar lotadas – ainda mais se for horário de pico. Segundo Henrique Masami, especialista em Operações do Metrô, nesse momento é acionada outra parte do plano de segurança. ‘Visualizamos, pelos monitores, a situação das plataformas. Se estiverem cheias – o que coloca os passageiros em perigo -, bloqueamos algumas catracas para reduzir o número de pessoas que entram nas dependências do Metrô’, explica. Nas bilheterias, câmeras registram o movimento e ajudam a garantir a segurança. ‘Se houver assaltos ou furtos, vemos tudo’, diz.

Portadores de deficiências físicas recebem atenção especial. Toda vez que um deles chega a uma estação, o CCO é avisado e solicita que um agente de operação o acompanhe durante o trajeto. ‘Digo que o Metrô de São Paulo é um mar de gente, por isso temos que ter cuidado para garantir a todos a melhor viagem possível’, conclui Ferraioli.